14 de abr. de 2011

Texto sem sentido.

Tudo o que me fazia sentido tinha acabado de morrer.

Sempre gostei de passar tardes caminhando no parque. A alegria das crianças, os cães correndo em liberdade, brincando, latindo, a grama verde e o sol refletido no lago, isto costumava me deixar muito feliz. O vazio que sentia por estar longe era preenchido com momentos de solidão. Prometi a mim mesmo... Pra quê falar sobre isso? Infelizmente, não sei o porquê.

Caminha observando cada grão de areia, cada pedra. Os esquilos brincavam nas árvores, disputando por comida e um pouco de atenção. Aos poucos, alguns me seguiam. Pássaros também. Tudo era tão ávido por vida que eu não me notava entre eles. E o tempo passava. As pernas doíam, meus pés pareciam não mais caber nos sapatos. O vento então ficava mais e mais frio, cortante. As roupas não eram suficientes. Minha vontade era a de parar. Parei. Fui até a uma árvore e me sentei sem me importar com insetos nas folhas caídas ao chão, se minha calça iria sujar, o que as mentes ao redor pensariam sobre mim, não pensei em nada. Somente o vazio. Chorei. Cada lágrima salgada e morna escorria pela minha face para de súbito gelar. Meu peito doía e ofegante eu não sabia mais onde estava. Meus dias tinham sido assim desde que entendi o que era viver. Dias vazios, marginais. Eu comia e o estômago cheio ainda pedia mais. Dormia, mas ao acordar sabia que sentiria uma vontade ainda maior de deitar e dormir por todo o sempre. Mas eu não poderia cumprir meu desejo, não hoje.

As luzes dos carros roubavam minha atenção, estava lúcido mais uma vez. Mãos nos bolsos, respiração quente, olhos inchados, rosto frio, colando. Atravessava as ruas pedindo para um carro me tomar de assalto os minutos seguintes de angústia. Voltar pra um lugar que não era meu, com gente que não era minha, este era o meu destino. Mas por quê? Por que eu me submeti a tamanha provação para constatar o que sem qualquer dificuldade eu poderia.

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