8 de abr. de 2011

Até a página 20...

Seres humanos são complicados por natureza. Aquilo que lhes move, muitas vezes, é um absoluto mistério. O que a uns parece a mais profunda estupidez, a outros, vai parecer a maior das descobertas. Assim somos nós, um misto de coisas que acreditamos ser com outro misto de coisas que notam em nós e que nem sequer percebemos. Ser gente é complicado.

No dia a dia é ainda mais complicado. Imagine você que se nenhum homem é uma ilha, dependemos das relações interpessoais para realizarmos coisas. Então, nos apoiamos no que vemos de melhor nos outros, crédulos de que a ordem deve imperar por sobre o caos de maneira plena e satisfatória. Entretanto, ser gente implica em algum momento deixar de ser porque somos dinâmicos, inconstantes e cheios de defeitos. Nos baseamos nas virtudes para compreender o outro, e as usamos como desculpas fáceis aos nossos defeitos para justificar a repressão ao comportamento do outro, exercendo também os nossos defeitos. Definitivamente a tarefa não é nada fácil. Conviver em harmonia com a desavença, diversidade e desordem exige muito mais sacrifícios pessoais que conviver consigo mesmo, porque conviver consigo mesmo nos possibilita mentir sem dever satisfação.

Conheço pessoas que me fariam "vestir a camisa" da humanidade. Conheço outras tantas que me fariam rasgar qualquer tecido. Há que se buscar a convivência com alteridade e paciência para obtermos tolerância e respeito. A loucura da vida está em não tentar interpretar o mundo do outro com todas as palavras. Se nossas vidas fossem livros, de verdade e sem figurações, eu não gostaria de ser excelente até a página 20.

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