8 de abr. de 2014

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Precisamos de heróis
para combater nossa própria escuridão.
Precisamos de uniformes
para não evidenciarmos os diferentes.
Precisamos de armas,
para lutar nossas guerras sem precedentes.
Precisamos da tv,
para moldar a voz da multidão.

E quando faltar multidão
sejamos um grupo, um só lamento.
E quando faltar precedente
sejamos a razão, o motivo.
E quando faltar o diferente
que seja igual, mas só por um momento.
Porque quando faltar a escuridão
o herói virá com um único castigo.

E ele não trará nada no braço,
pois foi há muito esquecido...
Novos trajes pra guerra nos pintam
porque somos todos iguais no singular
Pensando no plural do combate,
no dia a dia do justo e que um acate
as ordens do sensato em todo e qualquer lugar.

Precisamos de heróis falidos
para compreender o que não se entende.
Precisamos de uniformes caros
pra marcha latente engrossar,
e, se precisarmos de armas
é pra combater o Eu, o íntimo, o inerente
porque se buscarmos na tv,
qualquer coisa de útil, podemos não encontrar.

4 de abr. de 2014

Do fim ao começo

A luz roubada
A chama acesa
O nó que havia
a garganta ingrata
não abranda nada
Nem se sobre a mesa
É da voz a via
nova vida desata

O silêncio, a palavra
um gesto um sabor
É toda alegria
É fim de toada
violência se guarda
No peito essa dor
É som no meu dia
À noite é amarga

Quem dera fosse um roer, um sorrir, um segundo,
A iluminar o azul que me faz devorar
O tempo em que sonhava um amor maior que tudo
E a certeza que tenho todos os dias ao acordar.
Quer a tristeza ser neve, fria... E passageira
Quer às vezes me ter, noutras abandonar.
Quer o amor ser onda que me carrega, ligeira
Mas que no meu eu de areia
Há de bater, há de sempre voltar.