21 de abr. de 2011

My Moonshine

Quando disse a Gabriela que adorava caminhar pelas ruas à noite, ela me repreendeu. Disse que a violência e a criminalidade na cidade do Rio de Janeiro estão exageradas, que eu deveria ter mais cuidado. Ela não sabia o que estava dizendo.

Imaginem que se ela pudesse estar em meu lugar uma única vez, veria tudo diferente. Luzes multicoloridas, carros cruzando o espaço formando correntes de ar. Ora frio, ora quente. Suor e a incrível sensação de liberdade. Às vezes, só as batidas no meu peito e os filmes em minha mente. Entre uma música e outra uma alma perdida. Sem perceber os ignoro totalmente. É um momento meu. Carros e pessoas não cabem, escapam, fogem... Pensando bem, eu não ligo. E cruzo ruas, avenidas, aguardo os sinais e continuo caminhando. Às vezes sigo minha sombra para ver no que vai dar e por vezes descobri lugares lindos graças a ela.

Tênis, pedras, rachaduras no concreto, meio-fio, asfalto, areia. Para cada terreno uma pegada. Para cada visão, uma vaga lembrança. Um cantarolar meio desajeitado, um suspiro, e o céu me guarda. A lua então, ah! A lua... Quando esquece a timidez me faz persegui-la por tantas estradas. Às vezes eu simplesmente esqueço quem sou. Busco um pedacinho de vazio, e, encolhido, fico a espreita do que quer que apareça. Muitas vezes sou eu. Então não tenho escolha. Continuo caminhando. Me perseguindo.

A parte boa é que todos os lugares, por onde quer que ande, todos me levarão para um único lugar: minha casa. Quando na praia, adentro o mar e antes que chegue ao fundo, estou deitado em minha cama. Quando nas montanhas, deito na grama verde, ainda úmida da madrugada e termino fechando o chuveiro. Não sei o que fazer com essas imagens. As guardo por hora e meia, por saber que em breve vão descolorir, mas enquanto isso não acontece dou meu jeito de conviver com elas. Passeio sozinho pela noite. Sinto minha própria pulsação. Descubro vidas antes inexistentes.

Quando tiver coragem, pedirei para Gabriela caminhar comigo. Aos poucos, ela vai experimentar a sensação. Eu poderei desocupar aquele cantinho... Não vou me importar mais com meu destino, porque para onde for, minha sombra me guiará... Um futuro, um único lugar. E finalmente as imagens terão desaparecido. Gabi poderá me ver ali, bem ali ao lado do por-do-sol esperando a lua chegar. Esperando por você. Em minha casa, nós dois, construiremos outro mundo. Sem carros, sem promessas vãs... Nenhum tempo, nenhuma vontade de ir embora.

Se Gabriela soubesse como é caminhar entre mundos e sonhos, dormiria ao meu lado so pra aprender que andar pela madrugada não é perigoso, requer vontade, coragem e amor pela vida.


We got older and I should've known
(Do you feel alive?)
That I'd feel colder when I walk alone
(Oh, but you'll survive)
So I may as well ditch my dismay
(Bombs away, bombs away)

Circle me and the needle moves gracefully
Back and forth
If my heart was a compass you'd be north
Risk it all 'cause I'll catch you if you fall
Wherever you go
If my heart was a house you'd be home


If My Heart Was A House
Owl City

Nenhum comentário:

Postar um comentário