29 de jun. de 2011

Capricho

Ante ao espelho das horas
angústias e pegadas sem fim.
Solidão companheira, sem demora
encontra um espaço em mim,

Com suas juras de amor temporário
nenhum carinho, desejo ou verdades puras
Datas marcadas em um calendário
Reflexo vazio às escuras.

No entanto me vejo em alguém
obscurecido entre pensamentos, jóias, pinturas.
Perdido por não saber o que me mantém,

recorto na mente multiplas gravuras
descubro a grandeza de meu próprio desdém
estou novamente fechado, lacrado com minhas loucuras.

28 de jun. de 2011

Deus nos livre de um estado evangélico!

Foi lá pelos idos do século XVI, quando na ocasião das Reformas Religiosas na Europa, que a invenção de Gutenberg possibilitou a difusão das sagradas escrituras da Bíblia. Martin Lutero, na Alemanhã, que não era bobo nem nada, tratou de se livrar do monopólio da Igreja Católica Apostólica Romana traduzindo a Bíblia da forma que achava interessante e fundou a primeira Igreja Evangélica ou Protestante da história do mundo, a Igreja Luterana (ha-ha! O que ele queria não era bem isso, mas os nobres transformaram o movimento religioso em movimento político e "zaz"). Estava sacramentado: Igreja e Estado haviam rompido.

Séculos depois o saldão não me agrada. Seria muito dizer que já naquela época, a maldita aristocracia havia desenhado um projeto? Sim, porque a "nova" igreja favorece ao comércio, à economia, (não podemos esconder a verdade por detrás do protestantismo que é o dinheiro) e o mundo hoje vive em função de suas relações econômicas. Os países mais ricos do mundo, com excessão dos orientais, são evangélicos. EUA, Alemanha, Canadá, Grã-Bretanha, Suíça, Suécia, e por aí vai a lista. Lutero queria sim detonar a Igreja Católica, mas religiosamente falando. Só que mais do que isso, haviam desenhado um futuro para o Estado, um futuro evangélico.

No Brasil, a coisa está ficando feia, diria que "abençoada" demais. No Rio de Janeiro, perdemos a conta de quantas igrejas existem. Aliás, arrisco a fazer a seguinte observação: existem mais igrejas que padarias nas áreas mais carentes do Rio.

Elas surgem como que do nada com apoio da comunidade local, apoio financeiro vindo de famílias que não possuem muito. A desculpa é que "a obra do Senhor não pode parar". Quem é esse Senhor de quem falam? Se for o mesmo Cristo do qual falam outras doutrinas religiosas, eu duvido. Devem ser os pastores, até porque, os caras viram líderes religiosos em pouco tempo. Dali a pouco, líderes comunitários. Passam a regular a vida das pessoas daquela comunidade que no final das contas, acabam esquecendo quem deveria ser seu exemplo primeiro, Jesus. Mas é claro, se O Cara estivesse em primeiro plano, seus "emissários" não estariam lá na frente ditando as regras do jogo, morando de graça, viajando e dirigindo carros importados. Não entra na minha cabeça que um pastor tenha tanto quando seu maior exemplo teve tão pouco. Acho que o curso de teologia anda meio defasado, sem disciplinas certas... Economia eu sei que tem.

Mas o que mais me assusta não são os escândalos envolvendo igrejas evangélicas, até porque, diante de tantas, sei que o número de igrejas honestas deve ser maior que o de igrejas filhas daquela senhora, existe gente boa em todo lugar, prefiro acreditar, inclusive, que existe mais gente boa que gentinha, no mundo. O que me assusta mesmo são a quantidade de canais de tv e rádio que essas igrejas estão comprando, e com eles os abortos que tem produzido. Os programas são péssimos. Os pastores, cada um mais fake que o outro. Abusar da fé humana é uma prerrogativa histórica, ok. Mas Ele avisou: "haverão falsos Cristos e falsos profetas." Nas igrejas então...

Não adianta negar, eles estão tentando realizar o projeto de Martin Lutero. Vamos rezar para que morram na praia?! Não dá pra encarar um futuro retrógrado em que o Estado, que no nosso caso já não anda lá essas coisas porque nosso Governador insiste em ser absolutista, aliado à Igreja, qualquer que seja ela, resolva regular a vida de seus cidadãos.

Fica aqui o recado: estudem mais, leiam, sejam críticos. Perguntem-se se existe a necessidade de se criar um império em torno de um homem que pregava amor e humildade. Eu, se fosse ele, estaria com vergonha.

22 de jun. de 2011

Palavras mofam...

Com o tempo, tudo há de se decompor.

Nunca mais olhei para as fotografias da mesma forma. Em cada imagem um amarelado, um avermelhado diferente. Casas que não se constroem mais. Quintais que jamais terão árvores para se subirem novamente. Nenhum parquinho de areia será o mesmo mais uma vez. Roupas que não nos cabem, penteados inaceitáveis, costumes falidos. E conosco, as palavras escritas no tempo mofaram. Desamores, rompantes de paixão, felicidade incontida, nada mais faz sentido. A efemeridade das coisas novas nos roubou o valor das coisas velhas e o que nos constituiu a verdade, não mais o fará. Perderá rapidamente a cor, cairá no infinito vão entre o homem e a realidade.

Com o sonho, tudo há de se recompor.

21 de jun. de 2011

Rio has a trouble: cleansing or solving?

At first, I would like to thank you, foreigner readers, for all the support you give me when you visit this blog. Maybe I have to apologize because I've never post something in English here. So, this will be my first try. Hope you all enjoy it!


Rio de Janeiro is facing a very hard trouble: drug traffic. In spite of the fact that your newspaper maybe does not have this kind of subject on its pages when talking about Brazil, our population here has to deal with this problem daily.

As we all know drugs are a worldwide problem. But here, in Brazil, specially in Rio, our Government has to combat not only its social effect but its organization, or better, all of the organizations that exist here. They occupy the slums, forcing young boys to work for them as true soldiers persuading them by a small amount of money that its poverty and misery are not capable of producing.

Geographically, our city has grown around the slums, and, as a cultural capital - in southeast of Brazil - Rio de Janeiro used to attract people from all parts of the country, people who were after a chance of success or just money, and it still does. As long as the city could not offer them these possibilities, slums were growing but the state was weak. Historically, our Government was out of money during this period, and in fact, there was not any kind of public policy to help this situation not to happen. This scenery added to bad salaries for our police forces made our police corrupt. Policemen started to close their eyes for dirty in exchange of money and all the problem that we face now is a consequence of this historical process.

Nowadays, the Government has money. Royalties of oil, tourism, and other sources are responsible for that. Rio became famous once more. Its glamour and beauty has made it the host of very important events, but our dirty is still under the carpet. Our Governor, maybe I could say Ruler (a word that carries an old conception in it, very propitious, anyway) Sergio Cabral Filho has developed a policy of pacification of the slums. The police force of the state goes there and occupies the territory for days. Of course, the bandits run away every time, but some conflict cannot be avoided, actually. The bandits go to another territory dominated by another drug traffic faction and a war between them starts in the middle of a community that is in there.

Not far from it, the president of US was praising this policy, and of course, we know why.

This was only a point of view, I’m sure. But the thing I was wondering you to see is that we are humans. Sometimes war tactics are not applicable. Lots of innocents, pour, simple people, are suffering with this process victimized by a policy that has no other purpose than change the problem place and makeup our society. We have to attack poverty with education and opportunities, citizenship on its true form.

I will keep my concerns about this issue hoping you all could think about that too.


(Sorry about the English^^)

17 de jun. de 2011

Autobots, transformar!

Sabe, tecnologia e ets mexem com meu imaginário. Juntar os dois numa só coisa me deixa um pouco com medo. Mas na boa, eu curto o tema.

Quando era criança, assistia ao desenho animado "Transformers", aquele do "A-i-õ-õ" (era esse o barulho que os robôs faziam ao se transformar em carros e tudo mais). Só que quando criança, não me tocava na sofisticação da ideia: seres alienígenas, feitos de pura tecnologia, tiveram seu planeta destruído porque sua sociedade se partiu em duas "facções" que acabaram se enfrentando numa grande guerra; dali, os sobreviventes passam a viajar pelo espaço para tentar obter uma fonte de energia que os mantivesse vivos, afastando assim o perigo de extinção, e acabaram parando na Terra. Cara, isso é muito louco! É uma baita duma metáfora do que foi a Guerra Fria, a Corrida Armamentista e ainda tenta nos incutir que existe a possibilidade de parte de nossa tecnologia serde alguma forma alienígena. Ok, nem tanto ao céu, nem tanto à terra (embora eu não seja tãocapaz de duvidar de certas coisas).

Gosto da ideia de Transformers assim como gosto dos filmes, dos desenhos, enfim. Nos faz pensar e no mínimo é uma ótima fonte de entretenimento. As cenas de ação são um bocado interessantes, o ritmo que os minutos finais deste segundo filme nos impõem é ótimo, bem como um filme de ficção/ação deve ser. Os atores, bem, são para mim como coadjuvantes, e sinceramente, os humanos até acabam levando um destaque meio excessivo, afinal, não contamos nem com os X-men ou os Vingadores, nem com a Liga da Justiça.

No final das contas, estou ansioso para ver o terceiro e de tal forma que gostaria muito de que uma boa produtora fizesse do filme uma baita série.

(O líder dos Autobots, Optimus Prime)


FICHA TÉCNICA

(Transformers: Revenge of the Fallen, 2009)
Diretor: Michael Bay
Elenco: Shia LaBeouf, Megan Fox, Josh Duhamel, Tyrese Gibson, John Turturro, Matthew Marsden, Glenn Morshower, Ramon Rodriguez.
Produção: Mark Vahradian, Steven Spielberg
Roteiro: Roberto Orci, Alex Kurtzman, Ehren Kruger
Fotografia: Ben Seresin
Trilha Sonora: Steve Jablonsky
Duração: 148 min.
Ano: 2009
País: EUA
Gênero: Ação
Cor: Colorido
Distribuidora: Paramount Pictures Brasil
Estúdio: Di Bonaventura Pictures / DreamWorks SKG / Paramount Pictures
Classificação: 10 anos

Sinopse
Sam (Shia LaBeouf) e Mikaela (Megan Fox) voltam a ficar na mira dos Decepticons, que desta vez precisam do rapaz vivo, já que ele detém conhecimentos valiosos sobre as origens dos Transformers e como aconteceu a história dos robôs neste planeta. Em paralelo, os militares americanos e uma força internacional unem-se aos bons Autobots para enfrentar os vilões.

5 de jun. de 2011

Astonishing!

Finalmente, marvelmaníacos! Um filme épico que nos pede claramente desculpas por todos os filmes de X-men já realizados, e sem ofensas Ian Mckllen, com um Magneto de verdade.

Sinceramente, me espantei quando vi a opinião da crítica e estava achando que mais uma vez iria ao cinema pra ficar louco com as maluquices que colocaram no filme. Bem, a primeira turma dos X-men era composta por: Garota Marvel (Jean Grey), Ciclope (Scott Summers), Homem de Gelo (Bob Drake), Fera (Hank McCoy) e Anjo (Warren Worthington III). Quando vejo o trailer e desses aí só vejo o Fera, pensei: Oh, Deus! Pra variar a confusão de personagens foi estupenda, porém, ver Matthew Vaughn, o mesmo diretor de Kick-Ass - Quebrando tudo (Kick-Ass, 2010), me deu novas esperanças.

O filme realmente supera as expectativas. Uma adaptação fantástica sobre o possível começo da amizade entre Charles Xavier (James McAvoy) e Max Eisenhardt (Michael Fassbander). - Espere um minuto, você não deve saber de quem estou falando. Bem, este é o verdadeiro nome do Magneto que ao sair dos campos de concentração nazistas adota pra si o nome do pai, Erick. Voltando - Mais que um filme de ação, X-men: First Class traz um clima de espionagem que agrada muito seus fãs, afinal, a grande questão deles era não aparecer em público, realizando missões sempre às escondidas, como verdadeiros espiões. A ideia agrada tanto que Craig Kyle e Christopher Yost (roteiristas da Marvel) ressuscitaram a X-Force em grande estilo, com esse mesmo quê de espionagem só que mais sanguinolento.

Por fim, destaques especiais para a cena tarantinesca protagonizada por Michael Fassbander e para as aparições de James Howlett (Hugh Jackman) e Raven Darkholme (Rebecca Romijn).

(Magneto vivido por Michael Fassbander)

Ps. Não comprem dois ingressos para se certificarem de que Stan Lee aparece ou não, não lembro dele ter aparecido. Comprem dois ingressos porque o filme é ótimo!


FICHA TÉCNICA

(X-Men: First Class, 2011)
Diretor: Matthew Vaughn
Elenco: James McAvoy, Michael Fassbander, Alice Eve, Kevin Bacon, Nicholas Hoult, Jennifer Lawrence, January Jones, Rose Byrne, Jason Flemyng, Oliver Platt
Produção: Gregory Goodman, Simon Kinberg, Lauren Shuler Donner, Bryan Singer
Roteiro: Jane Goldman, Jamie Moss
Fotografia: John Mathieson
Trilha Sonora: Henry Jackman
Duração: 132 min.
Ano: 2011
País: EUA
Gênero: Ação
Cor: Colorido
Distribuidora: Fox Film
Estúdio: Donners' Company / Marv Films / Twentieth Century Fox Film Corporation
Classificação: 12 anos

Sinopse
Antes de Charles Xavier (James McAvoy) e Erick Lensherr (Michael Fassbender) se tornarem o Professor X e Magneto, respectivamente, eles eram dois jovens que estavam descobrindo seus poderes como mutantes. Amigos íntimos, trabalham juntos e com outros mutantes na tentativa de deterem uma ameaça global. Neste processo, porém, os jovens mutantes derem início à rivalidade que os acompanhou pelo resto de suas vidas.

3 de jun. de 2011

Face a Face

Quando te deitas e nada mais existe
Só uma força fugaz ainda resiste
Ao tempo que chora em teu leito vadio
Uma respiração cálida, num peito vazio.

Grita áspera tua alma por saber da noite
Frio beijo ao rasgar teu sentimento num açoite
Sangra tua face ao chorar de dor
Escurece-te, amarga-te a mente por falta de amor.

Fantasmas te assombram
Vozes do passado ainda o chamam
Pensamentos te destroem
Teu suor a cama os lençóis corroem

Levanta-te e segue a trilha que traçastes
Cola o coração que despedaçastes
Junta as partes de si mesmo sem saber
Mistura-te com outros a esmo do poder.

O chão que pisas não mais o sustenta
A sombra de teus passos é o carinho que o acalenta
Falta tato. Sentir. Juras de paixão... futuro.
Falta tanto sentimento... mas por você eu juro
Ódio ou amor eterno, o que seja, pois o que você de mim deseja
É uma vida minha, tua, algo que entendes por seguro.

Mas em meu ser só há espaço pra um pesadelo
Carinho ou que mais violento desejo eu compreenda
Cabe apenas olhar e muito desespero
Ruína de destino, da caverna a luz da fenda
Se por um lado calor, veneno e destempero,
Por outro o demônio que em tua face se apresenta.

1 de jun. de 2011

O cartão de junho

Rio de janeiro, 01 de junho de 2011


Rafael tinha tido uma manhã difícil. Ele sabia que acordar seria complicado a partir do momento em que saíra da cama. Arrumar o quarto, por as coisas na mochila, esquentar o almoço. Buscar um irmão na escola, ligar para seus pais, infelizmente separados.

- Mãe?! Tudo certo sim, to quase saindo! Claro, ligo sim. Pode deixar, mãe. Um segundo que meu pai está me ligando. Pode deixar! Eu sei, beijos.

- Oi, pai... Não, estava com minha mãe ao telefone. Claro que não! Contanto que você não esqueça que no final do mês vou ver aquele curso que te falei. Tá bem. Estou saindo pro trabalho, depois nos falamos. Beijo.

O ônibus que ele costuma pegar não parou desta vez. O sol estava tímido, mas suficientemente quente para suas roupas. Apesar de magro, ele adora andar com camisas de manga comprida. Suéter, óculos, camisa, calça jeans, sapatos, e nada do ônibus. Ele tentava se concentrar no que pensar, tentava ouvir músicas, mas precisava pegar sua condução e ter mais um daqueles dias lindos de trabalho exaustivo.

Ao final do dia, o jovem rapaz estava prestes a sair do trabalho. O resultado era o de sempre: pouco dinheiro, muito esforço e cobrança, um dia como outro qualquer. Mas no fundo, ele tinha um motivo chamado amor. Não era tão bom falando, ficava um pouco desnorteado, mas se arriscou a escrever um pequeno cartão.

"Amor, Desculpa! Eu sei que ultimamente eu tenho sido um poço bem fundo de indiferença e ignorância pelo telefone. Não é pessoal, não tem como ser, pois quando estamos juntos o meu humor muda e eu não consigo parar de sorrir. Você tem sido mais que especial em minha vida, sabe disso. E talvez seja por isso que eu anseio tanto pelos nossos finais de semana; porque neles eu posso extravazar tudo o que eu comprimi durante a semana inteira. Para ser sincero,como sempre sou, eu tenho que admitir que tenho muito medo de que você duvide do amor que sinto, que numa dessas ligações você entenda algo errado e pense que sou uma pessoa indeferente, que não liga para sentimentos. Amor, você me conhece, eu não sou a melhor pessoa do mundo, mas eu tento. E você me tem feito acreditar veementemente que sou. O dia, por mais lindo que tenha sido, começou numa correria e eu não dei conta de tudo. Queria ter sido mais carinhoso com você, ter falado coisas bonitas quando você me ligou, mas eu estava com fome, precisava trocar dinheiro, o pagamento veio pouco, a pausa já estava estourada e para completar quando fui abrir o hamburguer o celular caiu no chão.
Quero logo chegar em casa para que eu possa estar com quem tem me dado uma nova perspectiva na vida."


Ele chegou sem flores, apenas um cartão. Tirou os sapatos, pediu uns minutos para tomar banho. Pôs um pijama confortável e de tanto amor, dormiu antes mesmo de se sentir completo para deixar para os sonhos o desejo de ser feliz amanhã. Mais uma vez.


Adaptação