28 de mai. de 2010

Que fúria que nada

Então, furioso estou eu. Poderia ter vivido Um Dia de Fúria (Falling Down - 1993) ao constatar que o trailer de Fúria de Titans é muito melhor que o filme em si, mas nem mereceria o trabalho.

"Perseus". Este era pra ser o nome do filme porque afinal, os poderosos Titans são citados apenas no início, e o foco da história se passa em torno da velha e inspirada, conhecida história de Perseu. O filme é tão focado nele que nem Andrômeda, que diga-se de passagem não estava lá tão bela assim, ganhou algum destaque.

Os efeitos são excelentes sim, a primeira aparição de Hades é fantástica, enfim, tudo aquilo que todo Rpgista adoraria ver em um filme, mas como disse Cid Moreira em A Bíblia Sagrada "nem só de pão viverá o homem". Repito: estamos numa era em que efeitos especiais são praticamente requisito, então, de nada adiantam os efeitos se o roteiro não é no mínimo bom, se os atores não colocam espírito nas cenas, enfim, um filme é mais que apenas boas imagens digitais e pra mim, Fúria de Titans poderia passar na sessão da tarde sem problemas.

A bem da verdade, uma série de filmes com temas "gladiadorais" ou lendário-mitológicos foram produzidos recentemente, talvez dado ao sucesso de filmes como Gladiador, Senhor dos Anéis, Piratas do Caribe, 300, e tantos outros. Minha impressão é que, ao final das contas, existe hoje um desgaste deste tipo de filme. Os roteiros não fogem muito à regra, nem conseguem inovações já que a maior parte deles é uma adaptação.

Seguindo o exemplo de Bárbara Heliodora, digo e repito: que filminho sem graça.

(A górgona Medusa.)

FICHA TÉCNICA

(Clash of the Titans, 2010)
Diretor: Louis Leterrier
Elenco: Sam Worthington, Ralph Fiennes, Liam Neeson, Gemma Artenton, Danny Huston, Alexa Davalos, Izabella Miko, Jason Flemyng, Luke Evans.
Produção: Kevin De La Noy, Basil Iwanyk
Roteiro: Phil Hay, Matt Manfredi, Travis Beacham
Fotografia: Peter Menzies Jr.
Trilha Sonora: Ramin Djawadi
Duração: 118 min.
Ano: 2010
País: EUA/ Reino Unido
Gênero: Aventura
Cor: Colorido
Distribuidora: Warner Bros.
Estúdio: Warner Bros. / The Zanuck Company / Thunder Road Film / Legendary Pictures
Classificação: 14 anos

Sinopse
Perseus (Sam Worthington) é o único que pode salvar sua família de Hades (Ralph Fiennes), um vingativo deus da terra dos mortos. Sem nada a perder, ele lidera uma missão para derrotar o vilão, antes que ele alcance os poderes de Zeus (Liam Neeson), rei de todos os deuses. Inicia-se, então, uma jornada por mundos desconhecidos.

26 de mai. de 2010

Ligando para pedir comida

- Alo.
- Alô. É do Spoleto?!
- É sim.
- Eu quero fazer um pedido pro número 23...
- Olha só, será que o senhor poderia me informa o endereço?
- Sim, mas é que eu tenho cadastro aí, então eu imaginei...
- É porque eu tô com o meu computador desligado, então vai ter de informar o endereço todo mesmo.

(Merda. Não sei de cabeça, estou no trabalho.)

(Tendo dito o endereço.)

- Anotou?
- Sim, anotei sim senhor. Qual é o número do telefone?
- Dois, três, três, quatro...
- Dois, três, quatro, o quê?!
- Não, dois, três, três, quatro...
- Eu não entendi, três, quatro, dois, três?!
- Não, dois, três, três, quatro!!
- Ah, dois, dois três, três.
- Não!! É DOIS, TRÊS, TRÊS, QUATRO!!
- Olha eu não to entendendo, porque ao invés de falar um número por vez você não fala assim vinte e três, trinta e dois...
- O NÚMERO É VINTE E TRÊS, TRINTA E QUATRO...
- Ah, sim, agora eu entendi.

(Já sem qualquer paciência.)

- Qual é o pedido?
- Ok, eu quero...

(Feito o pedido.)

- Quanto fica?
- Fica xx reais. Será que você poderia ligar para o nosso outro número de telefone. É que essa linha é usada para o cartão de crédito e você está prendendo a fila.

(Que absurdo!)

- Acho que não precisa, eu já terminei meu pedido, não?!
- Ah, é mesmo!
- Obrigado, viu?

Enquanto tem um monte de gente querendo trabalho, essa aí está jogando o dela fora.

24 de mai. de 2010

Mirian Leitão-Assado

A rádio CBN fez uma série de entrevistas com os pré-candidatos a presidência, a se saber, o prefeito José Serra, a ministra Dilma Rousseff e a senadora Marina Silva, um por semana a cada segunda-feira, pois bem. Hoje foi a vez de Marina Silva. Não estou nem vou aqui levantar qualquer tipo de bandeira política, o voto é secreto e eu defendo este direito, nem significa que pelo fato deu ressaltar aqui a brilhante fala de Marina, hoje, que eu votarei nela ou que apóio seu partido ou até mesmo sua candidatura. O que faço aqui é uma observação breve sobre o que significa a mídia e seu jogo deplorável de tentar derrubar certos direitos que são fundamentais, oriundos de uma sociedade democrática.

A comentarista de economia, Mírian Leitão, que embora tenha falas muito duvidosas e confusas em termos conceituais sobre o que de fato representa nossa economia, foi questionar Marina Silva sobre seu posicionamento contrário ao plano real e demais assuntos de foco econômico no passado. A senadora refletiu dizendo que por diversas vezes reconheceu, e até publicamente, que errou sim ao julgar determinados temas com pouco tempo hábil para uma boa avaliação do que é bom para o Brasil, e mais uma vez reconheceu seus erros. Então, valida de algum tipo de deselegância fantasmagórica, que diga-se de passagem, não percebi em nenhum outro comentarista ou em qualquer outra entrevista, surge Mírian mais uma vez questionando Marina sobre se o eleitorado poderia confiar em alguém que muda de opinião, o que nos garantiria que ela não mudaria de opinião mais uma vez. Apesar de ser completamente desnecessário desbancar este argumento biltre, resta sinalizar o que disse Marina (em outras palavras, muito menos bonitas que as usadas pela senadora): se Mírian Leitão hoje é aliada do meio ambiente expondo em seus comentários visões alternativas e etc, há que se respeitar o direito das pessoas de reconhecerem seus próprios erros e modificarem para melhor sua visão de mundo, para que o Brasil saia ganhando.

Portanto, não me importa muito o que você pensa agora, mas se eu fosse presidente criaria um ministério que infelizmente ainda se faz necessário no Brasil, seria este o ministério da ética cujo bastão eu passaria sem questionar à Marina. Como ela mesma diz "o que interessa é discutir o que é pertinente para o Brasil". Que venham aqueles que pretendem pelos métodos antiquados bagunçar a ordem das coisas, e que terminem assim, em silêncio e sem resposta, porque aquele que cala consente.

19 de mai. de 2010

Lula-Allah, brilhou uma estrela

Ao meu ver, este foi o mais novo tiro no pé de nosso caríssimo presidente. Mesmo detestando ditados populares, e nunca sendo bom neles (já fui comparado ao Chapolin Colorado ao declamá-los) não posso deixar de lembrar que "quem com porco se mistura, farelo come". Chamem-me reacionário, direitista, mas quando o assunto é política e economia internacionais não dá pra ser minimalista, nem muito menos leviano.

O Brasil se meteu com o país mais trevoso dos últimos anos, o Irã, e nem precisamos mencionar o porquê de chamá-lo assim. A grande jogada seria mediar um acordo de troca de tecnologia nuclear entre o Irã e a Turquia, ok. Até aí, não iremos discutir se por debaixo dos panos, o urânio com baixo nível de enriquecimento que a princípio seria utilizado para fins médicos, seria mesmo. Acontece que o mundo ocidental não está afim de "bater palma para maluco dançar" e neste jogo de interesses, o Brasil perde popularidade com quem de fato interessa. Pro escambal com futuras negociações com um país que nega o Holocausto, neste momento andar com os "mocinhos" era sim a melhor escolha. Fomos usados pelo oriente negro e essa postura pode trazer uma instabilidade política se continuarmos apostando na mesma ficha.

14 de mai. de 2010

Désolé

Se o "Fantástico mundo de Bob" fosse de um cara que acredita que o mundo vai acabar, certamente a coisa toda aconteceria da forma que em 2012.

Eletrizante. É isso que eu acho. A dinâmica é excelente, tiradas tipicamente Americanas, e quem não gosta de uma carteirada? Ou quando alguém que está prestes de ser humilhado dá o troco à altura? Pois é, o filme começa praticamente assim. Na verdade é uma grande viagem de Roland Emmerich. Tá certo, o cara sabe o que faz. Sua vasta experiência com destruição passei pela porradaria de "Soldado Universal", pelos ets loucos de "Independence Day", pelo gigantismo extraordinário de "Godzilla", é um senhor currículo para filmes de ação. Só que, a loucura passou um pouco dos limites e degringola definitivamente quando a família central do filme, aquela com o casal divorciado, mãe dedicada e padrasto bacana, dois filhos pequenos pé-no-saco e o pai zero à esquerda fogem do inacreditável, do impossível.

Olha, se a intenção foi alertar o homem sobre a problemática ambiental, e que toda a política de extravismo predatório pode ser seriamente nociva à civilização, se a intenção foi reforçar o patriotismo norte-americano enaltecendo o poderio da bandeira, o sacrifício desta nação em nome do mundo, ou ainda, nos alertar sobre o perigo previsto pelo calendário Maia, nunca saberemos, ou melhor, eu não saberei porque não vou perguntar a Roland. O que importa é que o cara fez o que muitos de nós sempre desejou fazer num dia de fúria com poderes divinos, destruir o que vier pela frente, sem medir consequências.

Os efeitos salvam um pouco o roteiro, mas não dá pra perdoar a família imortal. No fim das contas se tivesse de dizer algo para Emmerich, mesmo sendo ele alemão, diria em bom sotaque francês, Je suis désolé.


(Precisa mesmo de legenda?)


FICHA TÉCNICA

(2012, 2008)
Diretor: Roland Emmerich
Elenco: John Cusack, Chiwetel Ejiofor, Danny Glover, Thandie Newton, Oliver Platt, Amanda Peet, Tom McCarthy, Chin Han, Woody Harrelson.
Produção: Roland Emmerich, Larry J. Franco, Harald Kloser
Roteiro: Roland Emmerich, Harald Kloser
Fotografia: Dean Semler
Trilha Sonora: Harald Kloser, Thomas Wanker
Duração: 158 min.
Ano: 2008
País: EUA
Gênero: Ação
Cor: Colorido
Distribuidora: Sony Pictures
Estúdio: Sony Pictures Entertainment / Centropolis Entertainment / Farewell Productions
Classificação: 12 anos

Sinopse
A cultura maia previu que a Terra, como a gente conhece, terá um fim no ano de 2012. A teoria revela que o fim da Terra começa com o alinhamento planetário e uma inversão dos pólos do planeta, após um grande tsunami. Após isto, o caos instala-se e o nosso mundo começa a se tornar inabitável.

Abaixo ao cinema!

É mais ou menos assim, ou a gente pára com o recalque e passa a admitir que aquele filme que deu um mega-trabalho pra ser feito em função dos recursos visuais empregados, é bom, por mais que o roteiro não seja lá essas coisas, ou cinema nunca mais!

Não interessa a previsibilidade, se assim o fosse, qual seria o filme mais original dos últimos tempos? Eu me faço esta pergunta constantemente e não obtenho resposta. Vivemos em um mundo que nos proporciona uma enxurrada de informações a todo instante e para um fã de histórias em quadrinhos e desenhos dos mais variados como eu, talvez não exista um roteiro completamente imprevisível e original ao extremo há uns bons 20 anos, salvos os que chegam com novas tecnologias e demarcam uma era como "The Matrix", ou aqueles que não passam por "Hollywood", bem como as produções independentes. Por este motivo, deixei para ver Avatar somente agora que a poeira está tão baixa quanto lava fria, e assim, fazer minha crítica.

Penso que a dinâmica do filme deixa um pouco a desejar no início, como se a necessidade de colocar tudo dentro daquele espaço de tempo pré-determinado não fosse ser suficiente para tanta informação. Se o diretor tivesse perdido um pouco mais de tempo com os detalhes, inclusive utilizando o enquandramento mais fechado, talvez não tivesse passado essa impressão, mas passa, e passa mesmo. O filme acaba proporcionando uma grande imersão independente de parecer a versão milhonária de Pocahontas. Num dado momento já não queria mais voltar para a base dos humanos que constrasta perfeitamente com "Nagrand" (momento nerd aos fãs de Wow). Não é o filme do ano, até porque é de 2009, mas é bom no que se propôs ser, sem grandes revoluções apesar da perfeição dos efeitos.

E quem em perfeita consciência não quer um final feliz? Qual é! Isso não é coisa pra gente que vê novela só não, somos humanos, a felicidade é o caminho, basta à psicopatia! Elite intelectualóide de plantão, chega de querer surpresas com roteiro! Ok, Matrix surpreende um pouco, afinal, o Mr. Smith disse "Why Mr. Anderson, why... why... why you persist?". Porque a vida é assim, todos sabemos que as eleições estão chegando, talvez façamos o nosso melhor, mas não importa quem vai sentar na cadeira do presidente, no final, acabará parecendo idiota.

(A Na'vi Neytiri)

FICHA TÉCNICA

(Avatar (2009), 2009)
Diretor: James Cameron
Elenco: Sam Worthington, Sigourney Weaver, Michelle Rodriguez, Zoe Saldana, Giovanni Ribisi, Joel Moore.
Produção: James Cameron, Jon Landau
Roteiro: James Cameron
Fotografia: Mauro Fiore
Trilha Sonora: James Horner
Duração: 150 min.
Ano: 2009
País: EUA
Gênero: Ação
Cor: Colorido
Distribuidora: Fox Film
Estúdio: Twentieth Century-Fox Film Corporation / Lightstorm Entertainment / Giant Studios
Classificação: 12 anos

Sinopse
No futuro, Jake Sully (Sam Worthington) é um ex-militar paraplégico que é levado a outro planeta, Pandora, habitado pelo povo Na'vi, raça humanóide com língua e cultura próprias. É nesse lugar que ele lutará pela própria sobrevivência e pela vida dessas estranhas criaturas.

11 de mai. de 2010

Vergonha de ser brasileiro

Poucas vezes tenho vergonha de ser brasileiro. Nosso território é um dos mais ricos em diversidade, quase não sofremos com desastres naturais, e a bem da verdade, quando aqui ocorrem foi porque de uma forma ou de outra, o homem pôs seu dedo lá.

Ser brasileiro, a despeito da propaganda positivista do governo, é muito bom. Nosso povo troca a polidez europeia pela cortezia latina, transforma até em jeitinho, acreditem. Temos o dom da criação e do improviso, pois não foi afinal um médico brasileiro que numa cirurgia de coração usou a super cola para estancar um sangramento?!

Mas veja só, existe algo de podre no Brasil, e isto está instalado não nas ruelas do morro, beirando as muralhas do tráfico, está no senado, no leito do poder, onde uma cambada de desonestos e incapazes fingem dirigir um país. Não é nenhuma novidade, nem sou o primeiro a dizer isto com todas as letras, temo que ainda não serei o último, o que é uma pena. Mas o motivo desta revolta é que com tantos brasileiros passando fome, ainda hoje sem acesso à saúde, energia elétrica, dinheiro, ou qualquer outra coisa que lhes confira cidadania, nossos poderosos querem tirar férias de dois meses para assistir aos jogos da Copa. Faça-me o favor! A latrina do Brasil está em Brasília, definitivamente, nada a declarar.

Só uma frase ressoa em minha cabeça, uma frase recente do filme Alice. Disse a Rainha Vermelha:

- Cortem as cabeças!!

10 de mai. de 2010

Momento W

O mundo vive mais um capítulo da novela da crise econômica européia, ou melhor, uma reprise porque este processo é o mesmo que nos trouxe a crise de 2008, com a diferença que a bola da vez é a Grécia.

Ainda ontem, Grécia era o mais perfeito exemplo de tudo o que deu certo no mundo, pelo menos aos olhos da Europa. Prosperidade teu nome é em grego, mas, como bem conhecemos a história da formiga e a cigarra, parece que os gregos souberam fazer festa, cantar e dançar, mas não fizeram o dever de casa. Hoje, a calamidade econômica que se abate sobre o país não passa de uma relação de discrepância entre o que se arrecada e o que se gasta. Prosperidade teu nome é... É... Qual é o teu nome?

Poderia até dizer Brasil, mas pode ser que amanhã seja a nossa vez. Isto é o que caracteriza o que eu gosto de chamar de Momento W, não que eu tenha criado a expressão, apenas me apropriei dela e a emprego para algo ainda mais abrangente. O termo em si vem da economia, e serve para sinalizar um período de alta, seguido por uma queda brusca, uma nova subida em função de medidas de "salvação" que normalmente acaba acompanhado por uma nova baixa até a subsequente recuperação.

O mundo anda assim, vivendo um Momento W constante. Economicamente não precisamos mais de exemplos, politicamente então... Culturalmente a fratura está exposta há algum tempo. Só me resta torcer para que este seja um momento de baixa do W, que mesmo se estendendo por tanto tempo, finde tão logo quanto puder.

8 de mai. de 2010

Alice no país das maravilhas

Muito tem-se dito sobre o filme e minhas expectativas ficaram bastante divididas sobre o que pensar a respeito da obra. Pois bem, qual não foi minha surpresa ao me deparar com mais uma das brilhantes leituras (do que eu gosto de chamar de) "à la Tim B.". Realmente eu não sei o que ele come, fuma ou bebe, eu sei que além da infinita criatividade para o desenrolar das tramas nas quais decide trabalhar, ele tem um gosto e tanto por histórias interessantes e sombrias, pelo Johnny Deep e por sua esposa Helena Bonham Carter.

Com uma ambientação perfeita, Tim Burton apostou de vez nas caricaturas das personagens e extremou os sentidos em sua versão baseada no clássico da Disney. Cada coisa parece ter sido propositalmente colocada no filme como já era de se esperar, e muito embora a Alice vivida por Mia Wasikowska possa parecer um pouco inexpressiva, a única coisa que deixa a deseja de fato é o single de Avril Lavigne, "Alice", que não faz bem jus à atmosfera de loucura real criada pelo filme.

Os recursos visuais acabam dando um toque a mais que exprimem a exata visão de Tim sobre as personagens e sobre o País das Maravilhas em si. Se tiver a oportunidade assista em 3D para completar o charme.

(A Rainha Branca)

FICHA TÉCNICA

(Alice in Wonderland, 2010)
Diretor: Tim Burton
Elenco: Mia Wasikowska, Johnny Depp, Michael Sheen, Anne Hathaway, Helena Bonham Carter, Matt Lucas, Alan Rickman, Christopher Lee, Crispin Glover, Stephen Fry
Produção: Richard Zanuck, Joe Roth, Jennifer e Suzanne Todd
Roteiro: Linda Woolverton
Fotografia: Dariusz Wolski
Ano: 2010
País: EUA
Gênero: Fantasia
Cor: Colorido
Distribuidora: Disney
Classificação: 10 anos

Sinopse
Aos 19 anos, Alice (Mia Wasikowska) volta ao País das Maravilhas fugindo de um casamento arranjado. No mundo mágico, ela reencontra com personagens estranhas, como o Chapeleiro Maluco (Johnny Depp), a Rainha Branca (Anne Hathaway) e a Rainha Vermelha (Helena Bonham Carter), inspirados na obra de Lewis Carroll. É nessa jornada fantástica que a jovem tentará encontrar seu verdadeiro destino e acabar com o reino de terror da Rainha Vermelha.

7 de mai. de 2010

Nem tudo está perdido

Isso mesmo, nem tudo está perdido. Meu silêncio de dias será quebrado com um texto positivo, ao contrário do que a maior parte de vocês pode pensar sobre o meu singelo hábito de criticar veementemente toda a desordem que compreendo como imperdoável, certas vezes me poupo o trabalho e o stress que estes momentos me proporcionam para dar lugar ao que é no mínimo uma fagulha de esperança.

Outro dia mesmo presenciei uma cena interessante. Ao sair do trem, uma mulher pôs-se a passar mal, estava grávida a julgar pelo formato de sua barriga, e consequentemente acabou vomitando. Sozinha, todos passavam por ela sem sequer notar sua aflição. Uma mulher grávida, e que naquele momento se apoiava a uma pilastra, pois talvez estivesse tonta, seria bem fácil de se notar. Eis que surge, em meio ao desprezo comum da rotina das pessoas, um senhor de meia-idade. Ele vai até ela. No caminho, joga fora seu cigarro. Em seguida, põe a mão nas costas da moça massageando com cuidado enquanto ela vomita e em seus lábios a frase "calma vai passar" pôde ser lida com nitidez ao passo em que ele tentava não olhar diretamente para o vômito da moça.

Essa cena pode ter milhares de interpretações psicanalíticas, leituras complexas ou simplórias, mas hoje eu vou falar apenas da importância deste ato para meu ponto-de-vista.

Podemos pensar que o mundo caminha por uma trilha obscura, que os homens continuam se mantando e se digladiando por coisa alguma, no entanto não é verdade. Não saímos mais de nossas casas armados com espadas ou clavas para nos defendermos de eventuais conflitos na rua (mesmo sendo pessimistas). Não tememos a morte pelas mãos da igreja, nem mesmo seremos guilhotinados em praça pública ou enforcados sob a acusação de bruxaria. Não jogaremos os vizinhos ingratos aos leões, embora alguns ainda pareçam merecer, e não mais pregaremos a barbárie como a saída para o dia-a-dia.

Nossos conflitos continuam, é verdade. Muitos deles ainda são armados e embora a maior parte deles tenha migrado para outras instâncias que não o corpo-a-corpo das espadas, ou as trincheiras do tráfico, o fato de tudo isso nos aterrorizar me é um bom sinal. Sinal de que nem tudo cai pelas raias da banalidade, de que nosso nível de exigência está maior, de que estamos aos poucos nos civilizando. Campanhas de solidariedade circulam ao redor do globo com a velocidade "interneteira". Nunca fomos, de fato, tão favoráveis à paz.

Que seja o começo do fim, mas que seja o fim de uma era perturbadoramente ignorante, para compreendermos finalmente que com o novo começo, há de preponderar pelo ímpeto das boas atitudes uma história pautada no bem. Nem tudo está perdido. Eu acredito nisso.