31 de dez. de 2012

Uma nova vida de novo

novos ares
mesmos olhares
diferentes mares

se quiseres
e quando puderes
a quem tiveres
se
repetir possa
esta nova bossa
uma vida nossa
haverá
que ser finda
com forças ainda
mesmo sem ser linda
e brilhará
um futuro cego
e eu me desapego
mas se pedir te nego
porque
se me deixar
te ensino a ficar
só...
se houver espaço pra me amar.

16 de dez. de 2012

Alma exposta


Borboletas em espaços abertos,
de voos incertos, bailam sem pares.
Árvores fortes, raízes que quebram concreto,
crescem altivas na busca por novos ares.

Em seus galhos magrinhos, assim confortáveis
vi borboletas repousarem seus restos...
De dias poucos, instáveis,
mas de sonhos coloridos, libertos.

Me desejo um punhado de folhas,
um casulo as avessas,
porque dentro de poucas horas,

talvez e somente talvez tu te esqueças,
que somos todos pares de muitas histórias,
alçando voos singelos e breves, como o das borboletas.


14 de dez. de 2012

Um almoço e tanto

"Não vejo mistério na minha cozinha, vejo apenas amor e paixão pelo que faço."

Foi com essa frase que encerrei meu bate papo com o chefe de cozinha Leonel Ribeiro do restaurante Empório Quintana, localizado no Cadeg, Benfica, zona norte do Rio.

Herdeiro de uma brasilidade impar, neto de Dona Hilda, cozinheira nada mais nada menos de Tom Jobim, Leonel faz de sua verdadeira vocação uma lição sobre o bem viver. Dono de um tempero inconfundível e simples, Leonel usa toques de alecrim, pimenta, temperos frescos e ingredientes selecionados em seus pratos que são verdadeiras obras de arte e merecem brindes ao prazer de se viver bem.


INside - Há quanto tempo você assumiu a cozinha?

Leonel - Faz pouco mais de um mês que assumi a cozinha com minha equipe, que ainda é jovem, mas o resultado tem sido muito bom.

INside - Se tivesse de destacar um diferencial do seu restaurante, não falo sobre seus pratos, compreende? O que seria?

Leonel - Veja onde estamos. Aqui é a rua de um mercado, um lugar simples, sem sofisticação aparente. Alguns gatos passeiam ali enquanto você aguarda meu garçom vir anotar seus pedidos. Ele vai se esforçar sempre pra lhe chamar pelo nome e eu, pessoalmente, irei supervisionar a montagem de seu prato já que fui eu quem o preparou e não meu ajudante.

INside - Então o atendimento e a localização são seu diferencial?

Leonel - Meu objetivo aqui é o de servir bem por um preço mais acessível. Gastronomia é isso. Eu trabalho com o prazer de se apreciar um bom prato. O que diferencia a minha casa é que estando em um mercado eu tenho acesso fácil aos produtos que uso para minhas criações. Tenho a liberdade de pedir ao meu vizinho algumas berinjelas orgânicas, por exemplo, caso o cardápio não o agrade e você aceite um risoto de última hora. Em que outro lugar eu poderia fazer isso?

INside - E isso não é ser sofisticado?

Leonel - Talvez sim. A maior parte das pessoas tem uma ideia um pouco antiquada do que é sofisticação. Recentemente fui a um restaurante bastante conceituado no Rio. Todos estavam extremamente arrumados. Terno e gravata pros homens, as mulheres usavam longos, eu não acredito muito nesta cozinha. E cozinha não é apenas o que se come. Fazer cozinha é o conjunto todo. Aprendi com minha família, em uma das tantas rodas-de-samba que fazemos aos fins de semana, que amigos se reúnem ao redor de uma mesa. Quer momento mais prazeroso que este? Uma boa bebida, uma boa refeição, um bom papo como este que estamos tendo agora. A gastronomia entra neste vão com o tempero acertado, o sabor neste clima agradável. Não me surpreendi quando notei que o molho barbecue do prato que pedi naquele restaurante de renome, estava muito doce, inadequado.

INside - Você também é dono do Empório ou assumiu apenas a cozinha?

Leonel - Quando o assunto é restaurante e você decide ter um chefe em sua cozinha, o dono do estabelecimento e o chefe acabam celebrando um casamento e não uma sociedade. Aquele ali é Rodrigo Quintana, o camarada que me fez a proposta e eu disse sim. Imagine só se além dos pratos eu tivesse de cuidar de absolutamente tudo que entra, sai, pagamentos, contas... Seria desafiador. Ainda bem que tenho Rodrigo, porque enquanto converso com um cliente e outro, e faço questão de saber o que meus clientes pensam sobre nosso serviço, ele me mostra um produto de um dos nossos fornecedores. Trabalhamos muito bem juntos e estamos sempre nos consultando.

INside - Certo. Você falou em sua família. A profissão então é de berço?

Leonel - Pode-se dizer que sim, mas não foi como começou. Sou neto de Dona Hilda, a cozinheira de Tom Jobim, e Dona Hilda era simplesmente fantástica. Dentre as tantas coisas que me ensinou e disse, guardo uma frase com carinho. Ela disse "meu fio, ocê até que é bom no tocadô, mas eu inda ei de te vê esquentando esse umbigo na beira dum fogão. Você vai ser é cozinheiro". E ela acertou. Eu sou músico, de Jazz. Trabalhei como músico por muito tempo e acho que posso dizer que vivo uma eterna parceria entre música e gastronomia porque não larguei a música, aliás, o ingrediente que não falta na minha cozinha é música. Ontem mesmo o rádio estragou e meu ajudante já veio me contar que achou outro bem baratinho no centro da cidade. Então mudei um pouco o rumo e aqui estou eu.

INside - Você realmente parece ter uma história de vida interessante. Talvez esse seja seu diferencial aqui no Empório e não o ambiente. Já pensou nisso?

Leonel - Já, mas diferente de alguns colegas eu não posso ignorar que por trás dos meus pratos existem bons ingredientes, inspiração e vontade de fazer algo realmente bom. Quando você vem aqui e come meu ceviche dizendo que foi o melhor que você comeu na vida, você não diz isso por causa do Leonel, você diz isso porque o peixe que usei estava fresco, porque o purê de batata doce foi feito com uma batata que chegou pra mim hoje, porque o limão estava no ponto da acidez, quer dizer, eu sou o instrumento apenas.

INside - Enquanto conversamos vejo você cumprimentar muita gente aqui, chegou inclusive a se sentar à mesa com alguns clientes. Simpatia faz parte da sua receita de sucesso?

Leonel - Olha, não sei ser diferente. Você visita minha casa, eu te mostro o que temos e você gosta. Compra. Sai satisfeito. Eu vou querer saber quem é você. Sempre temos alguma coisa a aprender com as pessoas. Às vezes o meu cliente me dá sugestões enquanto conversamos sem saber e quando eu subo ali pra minha cozinha, crio alguma coisa escutando Ella Fitzgerald, entende? Se o papo for bom então, o cliente vira meu amigo, passa a vir sempre. Aí está estabelecida uma relação saudável.

INside - Leonel, foi realmente um prazer vir aqui e desvendar os mistérios do teu trabalho.

Leonel - Que nada! Não vejo mistério na minha cozinha, vejo apenas amor e paixão pelo que faço.

11 de dez. de 2012

Barro


Agaste-se.
Enforque tuas mentiras na dor,
mas não me negue o sangrar;
Não me entregue a nuvem.
Não quero teu disco voador.
Navego sozinho até meu sol raiar.

Apedrejei meu sonho.
Rastejei pelas minhas mágoas
nas águas de um riacho sem fim.
Deixei a porta aberta,
bati em tua lua deserta...
a hora era toda certa pra mim.

Em nome do perdão,
que azeda,
Na fome de um pão,
que mofa,
Erga a cabeça
e peça,
O fim da velha canção
por uma nova,
Ao padre santo,
que reza,
No altar imponente,
que aprova,
Pecados e hipocrisias,
não interessa,
Já não sei se é poesia
ou se é prosa.
Escrevo pelo minuto
que resta,
Na esperança de quem lê
me compreenda,
No que quiser que seja,
entenda,
ou carregue tudo consigo
pra cova.
Sem choro nem vela
nem novena,
apenas amor, tardio amor
que me renova.


6 de dez. de 2012

Meninas


Eu te peço
um momento seguro,
apenas um segundo de nós dois.
Eu te detesto.
O seu cinismo, tua verdade,
seu ceticismo sem maldade
e tudo aquilo o que vem depois.
Mas te procuro
valsa e meia mudo o rumo
outra parceira, um giro, um mundo,
uma brisa quente ao suspirar...
Porque te espero
na parede branca e finda
a me pintar segredos sem tinta
qualquer palavra
que pudesse livremente nos tocar.
E te suplico,
por uma história, um castelo,
uma vontade insossa, uma cascata
pra te proteger do zero a zero
que vivemos todos os dias
ao nos evitar.

5 de nov. de 2012

Pretérito


Do fôlego
Uma pulsação.
Contagem regressiva
A caminho do mundo.
Tomo assento só por um segundo
Porque não pretendo partir...
Não haverá rejeição,
Não compreendo o significado de desistir.
Um zumbido, uma voz clemente.
Um parto, assim, subitamente
Quero entender pra onde ir.
Passeio por estreitos caminhos
Corredores, macas, salões vazios
E o sentido da voz se fez
Pálido e entristecido...
Sordidez da alma, ou apenas
Tórrido destino?
Nenhuma luz análoga
Há de iluminar qualquer libido.
Nenhuma prevaricação terá espaço
A carne aqui é cortada por aço
Nem o mais forte homem haverá de resistir.
Mas a coragem é inata
E quando o bicho homem é solto na mata
Qualquer grito lhe alimenta o arrepio.
Com medo de um saber voraz que o alimenta,
Um dia, devorarás o que o atormenta
e levarás consigo um perdão.
Não existirá vara de condão
Ou qualquer contenda,
Que compreenda por quantas batidas, bate um coração.
Desejo contudo
perseguir sem cansaço
Quantas vezes, preciso for, me faço
o favor de reconhecer uma batalha
Por que ardem em minhas veias
No meu traço
O calor do fogo pelo que passo,
A dor da carne cortada pela navalha.
Derreterei espinhos
Romperei frestas, respirarei fundo
Sou filho da fonte, do espaço, colocado no mundo
Não sou mais que um grão, nada de especial,
Mas entenda,
Uma vez nascido do amor
Não há melhor sabor no ventre,
Há somente o futuro, não se surpreenda.
Um soluçar...
Uma distração
e a vida se faz presente
Quase que em outra versão
Não importa o texto,
Tão pouco a cena.
O paciente reage... Luta pelo amanhã.
Bate o choro
Respira a palavra,
Sua palminha, pequena, me fita
Vejo os pezinhos, os olho
A vontade me trava
Sua face sorri, e só então... me convida.
Do óbvio,
Minha transpiração...
Três, dois... um.

22 de out. de 2012

Desperdiçando-me


Quando te sinto
breve e suave,
com lágrimas nos olhos
Antevejo a madrugada.

Nem tinta fresca na varanda,
nem caminhos sinuosos, enluarados,
nada se transforma em brilho,
nada contém minha vontade amada.

E é quando minto,
mesmo que a boca se cale
e haja um cisco nos olhos,
que percebo a cilada.

Não há gratidão, como a vida manda
Não há amores antigos, prostrados
Do meu modo me humilho
Do meu modo, minha metade me mata

No espelho da ideia, entendo,
que mesmo refletidos amor e dor rimam
nas vidas mais encantadoras
e em histórias completamente sem graça.

No fundo da memória te escuto dizendo
que por mais escuro, o coração sendo
não há divindade sem fé
há somente espaço e força em desperdício, trancada

Pois que venha então sorrindo
o amanhã daqueles que brigam,
que se trancam em masmorras
que constroem fortalezas impenetráveis na mata

porque não me importo, vou vivendo
mesmo você não querendo
serei feliz, de pé,
porque não acredito em você, farei eu mesmo minha estrada.

É quando te sinto
por anos, pesando ao meu lado
os olhos ardendo, mãos formigando,
antevejo nós dois e a manhã iluminada.

Uma varanda espaçosa
caminhos verdejantes, uma casa de praia
em meio à opacidade do tempo
nossos sonhos ao relento, você e eu, passárgada.

7 de set. de 2012

Capitulo 03 - Pensar é uma dádiva



Aqui estou eu novamente, porém emocionado por uma cena de um seriado que eu curto muito, mas é meio galhofa. A coisa foi a seguinte: uma conversa entre dois agentes secretos que já trabalham há 6 anos juntos e confiam muito um no outro. O cara diz à mulher que ele tem um contato para ajudar a resolver uma questão pessoal dela. Isso foi completamente fora do protocolo e ela, aliviada ao saber que vai resolver a questão demonstra por ele, em palavras, todo o carinho que ela sente especialmente ao saber que ele está se arriscando para ajudá-la. Ele apenas observa que o contato não é confiável. Que louco!

Então, hoje quero falar sobre o que eu penso de pessoas e contatos. Pessoas, são aqueles seres que vemos por aí passeando das mais diversas maneiras. Com fones de ouvido, sem fones de ouvido e sem bom senso, com calça skiny, camisas de gola "v" e hawaianas, ou seja, sem bom senso de novo, ou cordões pesados de prata ou níquel com tattoos enormes em seus braços grandes que costumam compensar a falta de atividade cerebral e demonstrar os altos níveis de testosterona, ok, sem bom senso. Já repararou quantas pessoas passam por aí sem bom senso? Acho que já, não seja hipócrita. Bem, os contatos são aquelas coisas que você busca guardar. Telefone, e-mail e perfis em redes sociais. Com a maior parte das pessoas você não deseja contato, pela falta de bom senso de algumas. Já os seus contatos te fazem perder um bom tempo na hora de uma possível indicação de trabalho, e então, você reza para que sejam pessoas!

Pessoas e contatos nos rodeiam, esta é a verdade. Não conseguimos evitar. No cinema, na rua, em shows, restaurantes. Mas o que importa mesmo é saber quando um deixa de ser o outro e quando o outro deixa de ser o um. Tipo, se um contato marca com você um café, ele já é pessoa. Se uma pessoa não marca nada com você, mas te manda um oi por "inbox", passou a ser contato. A teoria é comprovada cientificamente pelo Irish Institute of ME, que significa Muito Esperto. Agora, por que falar sobre contato e pessoas? Respondo: porque num dado momento da vida passaremos a fazer esta distinção ridícula. Porque estamos afundando num modelo de day by day tão estúpido que o atual e o real, que não são a mesma coisa, farão a diferença cabal entre tomar um café ou analisar uma proposta de emprego sob a exposição à cafeína.

Não faço distinção entre contatos e pessoas. Tenho todos como contatos e pessoas, assustadoramente ao mesmo tempo. Isso me poupa o trabalho de compartimentar a cabeça. Eu sou um cara que trabalha, que estuda, que lê, que toma café puro e que apesar de fazer tudo isso continua sendo pessoa, além de contato. Estamos todos fadados ao fazer contato com pessoas, mesmo que às vezes estas não tenham bom senso ou bom gosto.

Esses dias mesmo fiz contato com uma pessoa e ela então passou a ser meu contato. Ao virar meu contato, ela me mandou um "inbox" e mediante informações marcamos um café. No café, analisei sua proposta de trabalho e tão logo me identifiquei com ela o contato passou a ser pessoa novamente. Ela usava um telefone, com fones de ouvido. Vestia calça jeans, uma camisa com um belo decote e um par de tenis. O cabelo estava preso e ela parecia ter bom senso. Ela me passou outros contatos que podem não vir a ser pessoas, mas eu garanto que se não tiverem bom senso, I quit!

29 de ago. de 2012

Capitulo 02 - Crescer é ridículo


Acho que de todos os momentos constrangedores pelos quais já passei, os que tiveram como cenário a academia de musculação venceram.

Na manhã de hoje tive de aturar uma série de coisas impagáveis como Lulu Santos de trilha sonora - nada contra ele, curto umas musiquinhas e tal, mas foi inevitável lembrar das festinhas trash da adolescência em que prato de salgado era fandangos e de doce, pote de paçoca - mas "Como uma onda no mar" pra malhar? Tá de sacanagem, né?! Estando eu uns cinco quilos acima do peso ideal já idealizei o salto de Willy rumo à liberdade. Daí, você, que assim como eu vai dormir meio tarde, mas pelo bem de todos e exclusivamente pelo seu, prefere acordar cedo pra ir malhar, chega na academia cheio de sono e ao som de Lulu Santos flagra a mulher mais gorda do teu horário dizendo ao professor ultra-sarado "(...) mas eu estou notando um crescimento bacana (...)" desculpa... Mas ela só pode estar de sacanagem! Ela devia mesmo dizer isso em voz alta? Não era pra falar pro vigilantes do peso?

Respirei fundo, preferi calar meu preconceito e atravessei as portas da esperança. Sala das esteiras, claro. Imaginei que seria minha chance de colocar na MTV, VH1, sei lá que canais de música ou coisas do gênero, até discovery teria me salvado hoje... Ok, exagerei, mas não! Particularmente não acredito uma vírgula nessa parada de destino, sério mesmo. Mas se existe um, hoje ele queria me esculhambar. Ao chegar na sala me senti tipo em Coocun (1985). Tinha umas três senhoras que juntas deviam somar em idade a quantidade de dias em um ano. O mais chocante é que elas tinham de fato disposição! Achei o máximo, na verdade, mas o que elas assistiam? Um chance. Isso mesmo. Ana Maria Braga. Eu já não queria viver. Bocejei. Umas 30 vezes em 10 minutos. Faça as contas, é coisa pra cacete pra quem está andando rápido. Minha pressão devia estar o que, 10/8?

Agora já não tinha mais o que acontecer. Saí da esteira, fui ao banheiro, lavei o rosto e fui pra minha série. Foi quando eu notei que academia é um troço sacana por natureza. O cara que tem de te incentivar é ultra-sarado, nunca usou anabolizantes e malha desde os 18 anos, só que há 10, ou seja, era pra ter esperanças que vou aguentar malhar por 10 anos ininterruptamente eu que troco uma manhã na academia por uma raid de Wow? E depois, já foi malhar de noite? Parece que todos os caras mais brutamontes decidem sair de suas casas pra zuar os nerds gordinhos ou os magrelos com cara de minhoca que decidem mudar suas rotinas nocivas de vida. E as mulheres? Com todo respeito, mas parece que o horário da noite é reservado pras mulheres travecas. Cara, qual é a necessidade de ter tudo tão inchado e duro? Onde foi parar a coisa da pele macia e cabelos encaracolados? Todas elas alisam os cabelos, fazem chapinha antes de ir pra academia e usam uns perfumes, que vou te contar. Alie tudo isso aos modelitos "piriguetes" de luxo, sim, porque algumas são mesmo gostosas, mas cara, acho que esses corpos só ficam bem em roupas de academia, na real, nenhuma mulher que tem o biotipo traveca fica feminina ou bonita num vestido básico. Elas se condenam a viver ao lado de um daqueles fortões cheios de dinheiro com QI 25 de carro importado e tal. Imagino um casal desse na intimidade. "Amorzinho, meu bíceps tá maior que teu oblíquo." Fala sério, né. Foi pensando nisso que fui malhar de manhã. Gente como a gente. Verdadeira, limitada, em recuperação. Homens pizza, mulheres graveto. E os muffings?! Todos impagáveis. Ninguém geme ao terminar um exercício. Dos narcisistas que param diante do espelho, então, nem sinal.

Eu gosto de malhar pela manhã. Mesmo que tenha de atuar um programa de culinária durante a esteira, uma péssima trilha sonora nos primeiros 40 minutos ou confissões de uma veterana de guerra num colã preto que a deixa com aspecto de leão marinho. Isso tudo é vida. E eu ali, parado entre um exercício e outro, contando 45 segundos enquanto vejo tudo passar ao meu redor, agradeço pela genética que me fez ruivo. Pelo avanço do desenvolvimento que observo, amaldiçoando cada maldita gordura localizada e os joelhos ferrados, mas feliz.

Ah, sim! A parte constrangedora, já ia esquecer. Sabe a gordinha que tá notando um crescimento bacana? Saiu do banheiro com papel higiênico saindo do colã de leão marinho. Imaginei se alguém iria avisá-la. Mas me recolhi ao ver uma das velinhas da esteira apontando e rindo dela junto com a amiga. Eta mundão!


28 de ago. de 2012

Capitulo 01 - Nascimento esquizo


Está feito. Vou escrever uma vida em capítulos. Que mal há nisso? O mundo já está ao contrário mesmo - disse Nando. Crianças precoces tomando atitudes ainda mais precoces. Outro dia um amigo me disse pelo Face que não se espantaria se na farmácia passassem a vender camisinhas do Patati Patatá. Sabe o que é o pior? Quem paga são as crianças. Essas mesmas que mergulham no sexo sem tanque de oxigênio e produzem mais crianças, tipo fábrica mesmo. Mas o assunto está longe de ser moralista. Nem quero ser conservador. Aliás, eu acho democracia uma grande falácia. Se eu fosse Imperador, tudo seria um pouco melhor por aí. Eu até dividiria terras, grana! Que se danem os bancários. Políticos pra quê? As decisões ficariam por minha conta e pronto. Mas esse Deus aí, não dá asas a cobra... Que saudades, Óh, Odin!

Eu não sou mais quem você deixou de vez. Não sou mais aquele rostinho bonito de tv. Tampouco o cérebro por detrás da persona. Eu sou um ruivo, não-judeu, nada preto ou asiático perdido no subúrbio do Rio, zona oeste. Hábitos de nativo, porque não curto baladas, nem paulistas (sorry) porque no Rio a parada é a night mesmo. Mas não a pertenço. Não estou contido, não há intercessão. E por ser libertário, laico e o escambau, sofro de um preconceito psíquico inexplicável. Por quê? Pergunta-se. Porque pode ser que exista somente em minha esquizofrenia - passei a usar esta expressão faz uns meses, curto muito, mas não sei compartilhar.

O que me levou a escrever este troço, foi exatamente isso. Minha maneira quase caótica de pensar, de racionalizar, ou não, o que interpreto sobre o além muro. Por falar nisso, o que me separa de todos vocês é uma infinita parede azul. Ela é infinita pra mim, tipo a água num lance meio marinho, não é piscininha não. A janela, está fechada desde aquele livro paradidático da, o que? Sexta série, eu acho. Era exercício de poesia. A professora não era lá grande coisa e ficou muito puta comigo quando eu interrompi a aula pra explicar pra turma o que era sinestesia. Bem, ela tentou algumas vezes, mas a galera só entendeu comigo. Tenho culpa? Uns ocupam cargos por condição, outros por talento. Não me importava com a condição dela, era apenas um jovem rebelde (huahuahuahua nunca fui). Mas a porcaria de exercício de poesia me inspirou. Vício. Adicção perfeita. Passei a tornar hermético tuuudo isso! "Porque na poesia quanto menos palavras, mais palavras" - essas foram da faculdade. Mas sabe, aquela professorinha tinha o conceito na veia, sem saber, ou apenas não dividia por nos ignorar a todos, éramos crianças tolas, classe mérdia, uns idiotas ainda sem saber do amanhã. E a porcaria da janela aparecia no livro aberta, com cortina. Sem cortina. Vidro numa, na outra nada. Horizonte sempre. Quem disse que precisa ter um? Onde está o estímulo à imaginação? Minha janela é fechada porque quero ver além. Quando eu quero somente pegar ar ou não ver absolutamente nada, eu abro.

É assim com as pessoas. Tente conhecê-las. Pedir por um minuto de conversa franca é ter a mais doce aberração sobre alguém. O milagre da vida não é a diferença! Diferença causa dor, inveja e o cacete. É no erro que mora o homem. O mito não diz que surgimos de um? É esse o pulo do gato! De uma mordida à paixão. Errar para tão somente prosseguir. Porque quando o igual surge, vem no pacote a apatia, isso seca o óleo da engrenagem. Lembra aquela parada de socialismo, não, utopia, essa é a palavra. Então. "As mesmas roupas. O mesmo carro? Isso é possível?" Claro que não! Do igual não surge nada. Eles se somam, ficam maiores, mas criatividade mesmo, duvido. Só que era pra surgir. Buscamos semelhanças o tempo todo porque encontrar diferenças e lidar com elas é desafiador, cáustico demais. Daí, olha a zona de conforto... Olha a zona! "Respeite as diferenças" - dizem. Eu diria: aprenda com elas, passou da hora.

Uns strikes, um gole de chá gelado de pêssego e alguns pastéis. Um filme engraçadinho qualquer - e em um ano ou menos este espaço do HD estará ocupado com outra coisa - acompanhado de momentos felizes. Tudo isso num dia. Mas quem lê o que estava martelando? Quem entende que questionamentos coadjuvantes não vencem prêmios nobéis? Não sei. De verdade. Nessa hora eu me ponho um pouco acima de tudo e não me importo. Minhas olheiras falam por mim, e não é por perder o sono, isso nunca. É por gostar de dormir tarde mesmo, aliás, boa primeira noite pra vocês. Acho que amanhã pode ter mais!

27 de ago. de 2012

Tudo em vão

Penso nas feridas...
Certo do passeio entre suas frestas jamais fechadas
Cuspo no acaso.
Destapo o baú de frases prontas e emaranhadas.
Dores já sabidas,
maldita justiça sem prazo.

De pesar e pedir
fez-se a sobra de uma sombra.
A dobra de um dobrão de homem
na cascata de um casco vazio.
Um rio de um riso qualquer
numa verdade vendida
de cisma destinada ao fracasso.

De certo modo,
na transcrição dos meus gestos,
escrevo com dentes meus dessabores, carbonos, dejetos.
Porque dum errado jeito,
capricho na revolução,
e o mundo, a girar
me nega o presente ao simplificar-me um não.

Passo horas buscando um só sentido.
Passo poemas, poeira e tardes dormindo no frio,
porque os desertos da mente são áridos.
Ingratos.
Passivos.
Sem dúvida,
sem chácara.
De um verde tão duro
que nem por um instante me sinto esquisito...

Luxúria fugaz de uma viagem insólita.
Sob tendões homeopáticos
a dançar no escuro da mão,
mas lúcido ao mergulhar na loucura.
Mais pesado nas asas da solidão...
Flutua-me um parto ante máscaras dadas,
meu projeto de dívida sempre foi a razão.
Penso nas feridas erradas...

1 de ago. de 2012

Avante, Vingadores!


Após um longo período sem postar qualquer coisa sobre cinema, resolvo retomar minhas linhas ácidas com um dos filmes que mais me causou o que gosto de chamar de "contradição eufórica".

Sou leitor da Marvel há alguns anos. Acompanho seu universo com atenção porque umas das características que mais me despertam o interesse é a de que seus heróis e vilões são mais próximos do que é humano, não são completamente superpoderosos nem muito menos impossíveis de serem derrotados. Essa humanidade, que faz com que Deuses como Thor e Loki possam ser derrotados por meros humanos com poderes, ou não, é que dá um toque todo especial para o filme, ao meu ver.

Não vou me ater à coisas pequenas como por exemplo o fato de a Viuva Negra, vivida pela belíssima Scarlett Johanson, ter conseguido pilotar uma nave alienígena de primeira, em pleno ar, ou sobre quando ela utiliza um dos "biorifles" do esquadrão alien como se fosse uma 9mm, não. Para além de todas essas coisas existe um filme que, pela primeira vez, faz uma equipe atuar como tal, com seus momentos de brilho individual, porém concatenados.

Sem dúvida este é o filme de heróis mais bem equilibrado que conheço. Tem de tudo. Suspense, alívios cômicos, e muita ação. Linear, porém surpreendente com relação ao uso dos efeitos especiais. Longo, mas com uma dinâmica tão intensa que o tempo passa veloz. Os Vingadores trará recursos à Marvel, assim como novos fãs graças ao elenco de primeira, efeitos especiais muito bem colocados e um roteiro simples, mas extremamente eficaz.

E apesar de fã absoluto da divindade asgardiana da magia e da trapaça, tendo a certeza de que mais uma vez ele foi ridicularizado pelo roteirista, sim, eu recomendo!

Avante!


FICHA TÉCNICA
(The Avengers, 2012)

Diretor: Joss Whedon
Elenco: Chris Evans, Robert Downey Jr., Chris Hemsworth, Mark Ruffalo, Scarlett Johansson, Samuel L. Jackson, Jeremy Renner, Stellan Skarsgård, Cobie Smulders, Gwyneth Paltrow, Tom Hiddleston
Produção: Kevin Feige
Roteiro: Joss Whedon
Fotografia: Seamus McGarvey
Trilha Sonora: Alan Silvestri
Duração: 136 min.
Ano: 2012
País: EUA
Gênero: Ação
Cor: Colorido
Distribuidora: Disney
Estúdio: Marvel Enterprises / Marvel Studios
Classificação: 12 anos

Sinopse
Homem de Ferro (Robert Downey Jr.), Capitão América (Chris Evans), Thor (Chris Hemsworth), Gavião Arqueiro (Jeremy Renner), Hulk (Mark Ruffalo), Viúva Negra (Scarlett Johanson) e Nick Fury (Samuel L. Jackson) são alguns dos heróis da Marvel que se reúnem na agência de espionagem internacional S.H.I.E.L.D. para defender o planeta e a humanidade de ameaças intergalácticas.

31 de jul. de 2012

Liberdade e fim

As areias do tempo nada mais são
que farelos de nossa memória.
Histórias vividas e esquecidas por nós.
Enquanto seus cristais desvelam a verdade
vislumbramos a luz que virá.
Ao esquecimento chamamos passado
assim o homem perde a imortalidade
A virtude, a inventividade
Castra seus sonhos e envelhece.
Reinventa o nascimento para abortar a solidão,
perde-se ao longo do infinito ao chamá-lo vazio
por desconhecer a escuridão.
Então, se por um instante o relógio para,
se num só segundo a voz se cala
Não fragmentamos mais
Nem nos impedimos viajar
Somos Deuses outra vez
parindo sensações
eternas conspirações de uma vida dura.
O relógio bate outra vez...
O tempo caminha,
a verdade transforma,
Distorcemos a fé.
As areias nos escapam por entre os dedos...
Perdido novamente,
Deus se apega ao que puder
Encontramos saída finalmente.
É que dentro da mente
o homem pode ser o que quiser.

25 de jun. de 2012

Num só gole

A memória vem à tona
quando o copo a derrama,
debaixo de um beijo,
por cima da cama.

Nada do que eu diga, fale ou veja
muda os ponteiros de um fim.
Nem motel barato, outra cerveja
fico sem sono em teu abraço, pra fugir de um pesadelo ruim

E quanto mais bebo tenho a certeza
de que o que se quer da vida é um pedaço de aconchego.
Verdades não ditas ditando as regras da sorte,
Pois que venha então a morte
Sem me levar daqui.
deixando no teu peito o rasgo que outro ainda há de abrir
Porque pra viver é preciso amar, e seu treino
chama-se ferir.

11 de mai. de 2012

Pés no chão

Costumava pensar
que os textos se formavam sozinhos.
Atiravam-se no imenso e branco vazio da folha
sem medo de ferir, após qualquer vírgula.

E seu exército marchava feroz e audaz,
sem juras de amor,
sem remorso.
Mas finda a folha, tudo se esvaia em silêncio.

Então o texto passou a voar.
Compondo cenários imaginários ao longo da via,
plantando sementes, ordenhando um novo espaço
alimentando o ser.

Cada segundo uma sonora exclamação.
A cada sonho, uma realidade dura,
para cada mão, um trabalho moldado.
Para cada vida, uma outra sua.

Mas se hoje,
nas teclas deste constructo humano eu vejo o texto
Mais tarde, uma máquina há de se provar palavra
e eu... que nunca soube coisa alguma, continuarei sem saber absolutamente nada.

Anônimo

Quando as palavras faltam, existe a música.
Quando a música não basta, a vida nos cria um novo mistério. Ao homem, basta dar-lhe um nome...





28 de fev. de 2012

Fenda


Sendo assim


...
Então,
          tanto faz.
Você ou Eu
Nada mais;
            Viver tornou-se
                                     suportável
Enquanto for, aliás,
                 seu revés.
Por que ao invés

                          De ser inigualável
        ao convés
                          de uma vida navegável
Sou e sei que fui ser –
                                    Humano

Perto de ti “puroengano”
Pudera.
            Sou no passado, indescritível barreira
                                                            Intransponível
de sentimento negável
Enfim o que mais?
                              Se agora viver ou...
                                             viver,
Tanto faz.

22 de fev. de 2012

Ok... Você não é daqui, é?

Você descobre quando alguém não é do Rio de Janeiro quando:
- O sotaque denuncia;
- As gírias são diferentes;

ou...

(Num trem em direção à Central do Brasil)
- Moço. Com licença, mas a próxima estação já é a Chico Xavier?
- Você não é daqui, é? Oo'

15 de fev. de 2012

Até virar pó


Na porta da frente
ouço um barulho, um rangido.
Passos se aproximando...
Uma sensação diferente
a voz de um velho conhecido...
É o medo, me consumindo, torturando.

Não penso duas vezes!
Me afasto sem para ela dar as costas
com olhos fixos na luz da fresta.
Um fantasma? Mas por onde esteves?
O que vejo são apenas duas botas.
Enfrentar o desafio é o que me resta.

E na batalha do desvelo
tudo o que pretendo
é permanecer no sonho, firme.
Ansiedade sem fim.

Porque assim que puder vê-lo,
mesmo que seja um pesadelo, eu entendo
que o roteiro não é o de um filme
sou eu com medo de mim.

É quando entra em cena
tudo o que preciso ser.
Vale muito a pena
revirar o passado buscando crescer.

São noite em claro ante ao desafio;
vidas expostas em imagens fulgentes;
um clamor de alma que corta o peito ainda vazio;
vozes ocultas, chamamentos urgentes.

é o drama da peça
é a chave-de-grifo
é o nó

são versos inúteis
são casos bandidos
até virar pó

Segue a porta fechada.
A luz da fresta se apaga.
Não há chave, ou fantasma, nem batidas, nada.

10 de fev. de 2012

A cadeira e Rosana


Pos seu melhor sapato. Era preto. Um preto surrado, desgastado pelo uso. Tinha um saltinho fino, porém baixo com uma fivela dourada como adorno na parte da frente, antes de chegar ao bico fino... Mas não era de couro. Nas pernas rijas uma meia-calça impecável e sem um fio puxado sequer. Vestia uma saia, preta e comportada, até a altura dos joelhos. Ela estava um pouco arrojada graças ao quadril largo e a um cinto com detalhes prateados.

Rosana, uma mulher de meia idade, arriscaria uns 50 anos, usava também uma camisa vinho cujas mangas curtas já não suportavam mais seus fortes braços, o que impossibilitava que o fecho nas mangas, botõezinhos em detalhe, não fechassem. Aliás, um mero detalhe realmente para uma camisa de corte bom, que não denotava o uso de soutienes, nem sensualizava o busto de Rosana. Na face, muita maquiagem, mas como as senhoras de antigamente mesmo. Blush, lápis para reforçar as sobrancelhas, batom vermelho escuro, discreto e pouquíssimo lápis nos olhos. Seus cabelos eram curtos e crespos. Castanhos. Estavam escovados como se fazia antigamente, de tão armado que estava o penteado dando-lhe um ar de sobriedade ao rosto redondo e maduro. Ela usava brincos de pérolas, assim como um grande colar de pérolas. A cada dez das bolinhas branquinhas, vinha uma de metal, vermelha. Não era de muito bom gosto e obviamente não eram verdadeiras as pérolas, nem sei se o relógio pequeno e dourado que usava no punho esquerdo era um legítimo qualquer coisa. Acredito que não.

Rosana era simples, mas estava cafonamente vestida como uma mulher de sua idade se vestiria há cerca de 10 ou 20 anos. Talvez seu guarda-roupas tenha parado no tempo. Talvez sua percepção de moda não tenha se modificado. No mundo de Rosana, talvez não existisse espaço para outro formato de corpo, nem de pentiado. Maquiagem? Quem precisa de sofisticação? O básico faz bem seu trabalho. E por horas esta mesma senhora olhou para o relógio, estava ansiosa esperando. Repartições públicas são realmente incapazes de atender nos horários pré-agendados. Rosana, então, sacou de sua bolsa um tanto grande, de couro preto e detalhes prateados, uma revista e uma caixinha marrom de onde tirou seus óculos. A armação era transparente, as lentes um pouco grossas, certamente era para aproximar e ampliar as coisas vistas de certa distância, pois foi assim que cruzou as pernas, repousou a bolsa sobre a saia na, altura dos joelhos, e foleou a revista com atenção e distância. Atenção esta que volta e meia era dividia com o painel eletrônico que anunciava as próximas senhas a serem chamadas para o atendimento. Ela também tinha uma.

O telefone tocou por duas vezes, e não era um telefone simples, mas também não era o mais novo lançamento em touch screen. Mas Rosana o manuseava com certa habilidade incompatível para seu jeitinho anos 80 e sua provável idade. Impaciente, sacudia a perna, olhava para o lado, descansava os olhos em pensamentos perdidos e por segundos se desprendia da personagem. Perdia completamente a compostura ao libertar os calcanhares dos sapatos de bico fino certamente apertados ao julgar pelos pés nitidamente rechonchudos. Sentava de pernas abertas sem se preocupar se sua bolsa realmente impediria qualquer visão de sua intimidade pelos homens que se sentavam do outro da sala de espera, em outras cadeiras. Foi então que o número de Rosana apareceu na tela. Acho que percebi mesmo antes dela que seu número estava na  lá. Quando se deu conta, não escondeu a surpresa ao arregalar os olhos. Guardou a revista na bolsa com velocidade. Tirou os óculos. Calçou os sapatos. Guardou os óculos na bolsa. Levantou-se, ajeitou o cabelo de leve. Umideceu os lábios e caminhou com postura e firmeza até o guichê número três, responsável por atender pensionistas.

Certamente era viúva. Seu falecido marido um militar. Ela, mãe de dois filhos apenas, já crescidos e encaminhados. Deve morar no subúrbio, mas quis parecer viúva de um comandante e vestiu-se para tal, pois era atendida em Copacabana, zona sul da cidade Maravilhosa. Percorreu aproximadamente 60 quilômetros de asfalto num ônibus qualquer. Estava cansada. Mas sua pensão era importante. A praia também. As outras mulheres mais ainda, e Rosana... Ah, Rosana! Estava mais uma vez com a pensão renovada e a conta bancária com dinheiro para continuar tocando sua vida.

A cadeira em que ela estava sentada fez toda a questão de me apresentar Rosana e conter consigo uma história mais, e outra, e mais outra, outra mais... Os objetos estão cheios delas, mas nós não percebemos... São todos livros cujas páginas e linguagem o homem ainda não domina. Mas garanto, as histórias estão lá.

Agora seria a vez de Lúcia. Ela chegou mancando, cabelos curtos, pintados, e pela forma com que se sentou, diria que tem uns 40 anos. A cadeira me disse mais... Mas esta, já é outra história.

5 de fev. de 2012

Pensamento de areia


Uma saga, sem dúvida

De fato, sou mais um daqueles caras chatos, críticos que pensa ter opinião própria. Pois bem, esta é a motivação para  postar aqui o que considero a nova aposta do cenário da MPB: Felipe Catto.

O contra-tenor sem dúvida alguma, cativa a todos com seu timbre incomum e suas interpretações performáticas, porém contidas. Fatalmente será comparado ao grandioso Ney Matogrosso e cá pra nós, se este for o legado de Ney, eu ficarei muito satisfeito.

Fiquem com o talento de Catto em sua composição "Saga".


Dreamworks atira o pau no Gato e acerta de novo!


Risadas do início ao fim, foi o que tive ao assistir esta animação. Mais uma vez, palmas à Dreamworks que sabe o que faz ao apostar em boas produções.

De longe, muito mais engraçado que qualquer Shrek que eu tenha visto, o filme conta a história do Gato de Botas, ok. Até aí todos sabemos. O que não sabemos é que a história é meio que um recorte de outras já existentes e é recheada de ação, dança, e duplo sentido, o que faz o filme, obviamente muito mais engraçado para o público adulto.

Recomendo mesmo a versão original com as vozes de Banderas e Cruz, mas, se você é um daqueles preguiçosos que não curte ler legenda ou que ainda não terminou o avançado no curso de inglês assista dublado mesmo. As dublagens brasileiras são as melhores do mundo e quando se trata de animação pode contar que não perdemos tanto assim.

As tomadas de câmera e a reprodução de efeitos visuais em algumas cenas são realmente boas e nos remetem à outros filmes, o que eu considero característica da assinatura Dreamworks. Sem mais, o conselho é: vejam! Não será a animação do ano, mas com certeza vale a pena.

El Gato


FICHA TÉCNICA
(Puss in Boots, 2011)

Diretor: Chris Miller
Elenco: Vozes na versão original de: Antonio Banderas, Salma Hayek, Zach Galifianakis, Billy Bob Thornton, Amy Sedaris, Constance Marie, Guillermo del Toro
Produção: Joe M. Aguilar, Latifa Ouaou
Roteiro: Brian Lynch, David H. Steinberg, Tom Wheeler, Jon Zack, Will Davies, baseado no personagem de Charles Perrault
Fotografia: - Animação -
Trilha Sonora: Henry Jackman
Duração: 90 min.
Ano: 2011
País: EUA
Gênero: Animação
Cor: Colorido
Distribuidora: Paramount Pictures Brasil
Estúdio: DreamWorks Animation
Classificação: Livre

Sinopse
Muito antes de conhecer Shrek, o notório lutador e sedutor Gato de Botas (voz de Antonio Banderas) torna-se um herói ao sair em uma aventura com a durona e malandra Kitty Pata-Mansa (Salma Hayek) e o astuto Humpty Alexandre Dumpty (Zach Galifianakis) para salvar sua cidade. Complicando a situação, os fora da lei Jack (Billy Bob Thorton) e Jill (Amy Sedaris) fazem de tudo para ver o Gato de Botas e seu bando fracassarem. Essa é a verdadeira história do Gato, do Mito, da Lenda... e, é claro, das Botas.

14 de jan. de 2012

Os Muppets me conquistam de novo

Quem não nasceu na década de 80 não deve sentir o mesmo ao vê-los novamente na telona. O grupo de bonecos mais louco do mundo volta em grande estilo em mais um de filme do tipo semi-musical, com seu humor ácido, suas sacadas inteligentes e muita, muita personalidade.

Os muppets ocupam um espaço só deles quando o assunto é marionetes. A despeito de qualquer outra série, ao longo dos anos receberam destaque fenomenal em seu Muppet Show ao atuarem com grandes estrelas de Hollywood como Sandra Bullock e da música mundial como Elton John. Até Lady Gaga não quis ficar de fora e não só fez uma roupa toda inspirada no líder do grupo, mas lhe arrumou um baita problema com Miss Pig ao beijá-lo na noite d o MTV Awards em 2009 (foto direita).

Da atuação humana, bem, não tenho muito o que dizer. O elenco inteiro é de primeira composto por artistas já consagrados que entram no filme para completar o time, porque o time principal é jogado por nossas queridas estrelas.

Para quem cresceu ouvindo Kermit ser chamado de "Caco, o sapo" nas versões dubladas, pode estranhar um pouco, porque resolveram assumir o nome verdadeiro do sapo, mas nada que comprometa muito. Miss Pig está cada vez mais diva e sua aparição tira boas risadas.

Muppets é assim, feito para nos tirar risadas, para sairmos mais leves do cinema cientes de que "a vida é uma canção, quando a gente canta junto é muito bom."
Gonzo, Animal, Kermit, Fozzie, Walter, Scooter, Rowlf e Robô anos 80 no volante com Amy Adams e Jason Segel.


FICHA TÉCNICA
(The Muppets, 2011)

Diretor: James Bobin
Elenco: Amy Adams, Jason Segel, Chris Cooper, Rashida Jones, Alan Arkin, Bill Cobbs, Zach Galifianakis, Ken Jeong, Jim Parsons, Eddie Pepitone, Kristen Schaal, Sarah Silverman, Eddie Piolin
Produção: David Hoberman, Todd Lieberman
Roteiro: Jason Segel, Nicholas Stoller
Fotografia: Don Burgess
Trilha Sonora: Christophe Beck
Duração: 98 min.
Ano: 2011
País: EUA
Gênero: Comédia
Cor: Colorido
Distribuidora: Disney
Estúdio: Mandeville Films / Walt Disney Pictures / Muppets Studio
Classificação: Livre

Sinopse
De férias em Los Angeles, Walter (Peter Linz), o maior fã dos Muppets em todo mundo, seu irmão Gary (Jason Segel) e a namorada dele Mary (Amy Adams), de Smalltown, EUA, descobrem um nefasto plano do explorador de petróleo Tex Richman (Chris Cooper) para destruir o teatro onde os bonecos se apresentavam e extrair o petróleo do subsolo. Para salvar o local, eles resolvem montar um programa de TV e arrecadar os US$ 10 milhões necessários, além de ajudar Kermit (Steve Whitmire) a reunir os Muppets, que tinham tomado rumos diferentes.