14 de abr. de 2011

Monólogo de um eu mesmo

É assim que pseudopoetas como eu começam suas chamadas poesias. Eles tentam e encontram um tema. Mais do que isso, visualizam sua platéia. Depois, empregam apenas um sentimento capaz de despertar aquilo que desejam. Exemplo:

Mas o que somos nós afinal?

Não passamos de marionetes. Não possuímos nada. Assim que chegamos nos tiram o que nos é mais sagrado com um corte frio de navalha. A verve que nos sustenta acalenta de um seio um sonho, fragmento de realidade.
No raso somos marionetes, vivendo histórias repetidas de roteiristas falidos, brigando pelo papel de destaque porque na vida ninguém é de fato o principal.
E neste trocadilho de circunstâncias nada é o que parece, mesmo depois de todo o sentimento em foco.
Vai-se o cenário, chega-se ao fim.
Até que no tempo certo, a personagem é tomada por algo que a sustente. Somos constantemente tomados por diversas coisas, elas nos possuem, alimentam, nos tornam vivos, e quando nos constipam com suas vicissitudes, este acaba sendo o momento da danação. Não é mais a vontade tórrida imposta a uma marionete, a personagem sai de controle e toma as rédeas de seu destino. O maldito autor desta merda que intitula-se vida não alcança mais o lápis nem o papel o recebe como divino mestre supremo da verborragia clássica a que sempre esteve fadado, não. Viver torna-se mais e maior do que respirar, em que surpreender-se é apenas a metade da etapa. Esta massa repleta de plasma ganha finalmente vida e as histórias contadas por uma outra pessoa qualquer ganham seu valor.
E não adianta mais berrar em silêncio pela resposta... sinta apenas o pulsar, o significado, seu signo, seu significante. E sangra. Sangra calado... Jorrando para dentro de todas as várzeas cálidas de tua alma a dor incontestável pela qual vais passar porque é assim que é e sempre será viver.
Correndo, brigando, latindo, nascendo.

(O verbo)

A força de ser real pelo simples prazer de ser um joguete nas mãos de sua mente. O poder de ser pra frente ante ao desfiladeiro infinito da solidão... A mágoa da simples constatação de que ser poeta é macular a própria alma com verdades que nunca serão as suas verdades imbuídas nos sentimentos que nos farão viver, porque é o que queremos ter, ou ser, estar talvez, quem sabe ou saberá. Mediante rimas tortas e libidinais, lágrimas, horas... realidades em planos surreais. Somos todos os fantasmas do agora, porque do amanhã... Eu já não sei mais.

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