29 de ago. de 2012

Capitulo 02 - Crescer é ridículo


Acho que de todos os momentos constrangedores pelos quais já passei, os que tiveram como cenário a academia de musculação venceram.

Na manhã de hoje tive de aturar uma série de coisas impagáveis como Lulu Santos de trilha sonora - nada contra ele, curto umas musiquinhas e tal, mas foi inevitável lembrar das festinhas trash da adolescência em que prato de salgado era fandangos e de doce, pote de paçoca - mas "Como uma onda no mar" pra malhar? Tá de sacanagem, né?! Estando eu uns cinco quilos acima do peso ideal já idealizei o salto de Willy rumo à liberdade. Daí, você, que assim como eu vai dormir meio tarde, mas pelo bem de todos e exclusivamente pelo seu, prefere acordar cedo pra ir malhar, chega na academia cheio de sono e ao som de Lulu Santos flagra a mulher mais gorda do teu horário dizendo ao professor ultra-sarado "(...) mas eu estou notando um crescimento bacana (...)" desculpa... Mas ela só pode estar de sacanagem! Ela devia mesmo dizer isso em voz alta? Não era pra falar pro vigilantes do peso?

Respirei fundo, preferi calar meu preconceito e atravessei as portas da esperança. Sala das esteiras, claro. Imaginei que seria minha chance de colocar na MTV, VH1, sei lá que canais de música ou coisas do gênero, até discovery teria me salvado hoje... Ok, exagerei, mas não! Particularmente não acredito uma vírgula nessa parada de destino, sério mesmo. Mas se existe um, hoje ele queria me esculhambar. Ao chegar na sala me senti tipo em Coocun (1985). Tinha umas três senhoras que juntas deviam somar em idade a quantidade de dias em um ano. O mais chocante é que elas tinham de fato disposição! Achei o máximo, na verdade, mas o que elas assistiam? Um chance. Isso mesmo. Ana Maria Braga. Eu já não queria viver. Bocejei. Umas 30 vezes em 10 minutos. Faça as contas, é coisa pra cacete pra quem está andando rápido. Minha pressão devia estar o que, 10/8?

Agora já não tinha mais o que acontecer. Saí da esteira, fui ao banheiro, lavei o rosto e fui pra minha série. Foi quando eu notei que academia é um troço sacana por natureza. O cara que tem de te incentivar é ultra-sarado, nunca usou anabolizantes e malha desde os 18 anos, só que há 10, ou seja, era pra ter esperanças que vou aguentar malhar por 10 anos ininterruptamente eu que troco uma manhã na academia por uma raid de Wow? E depois, já foi malhar de noite? Parece que todos os caras mais brutamontes decidem sair de suas casas pra zuar os nerds gordinhos ou os magrelos com cara de minhoca que decidem mudar suas rotinas nocivas de vida. E as mulheres? Com todo respeito, mas parece que o horário da noite é reservado pras mulheres travecas. Cara, qual é a necessidade de ter tudo tão inchado e duro? Onde foi parar a coisa da pele macia e cabelos encaracolados? Todas elas alisam os cabelos, fazem chapinha antes de ir pra academia e usam uns perfumes, que vou te contar. Alie tudo isso aos modelitos "piriguetes" de luxo, sim, porque algumas são mesmo gostosas, mas cara, acho que esses corpos só ficam bem em roupas de academia, na real, nenhuma mulher que tem o biotipo traveca fica feminina ou bonita num vestido básico. Elas se condenam a viver ao lado de um daqueles fortões cheios de dinheiro com QI 25 de carro importado e tal. Imagino um casal desse na intimidade. "Amorzinho, meu bíceps tá maior que teu oblíquo." Fala sério, né. Foi pensando nisso que fui malhar de manhã. Gente como a gente. Verdadeira, limitada, em recuperação. Homens pizza, mulheres graveto. E os muffings?! Todos impagáveis. Ninguém geme ao terminar um exercício. Dos narcisistas que param diante do espelho, então, nem sinal.

Eu gosto de malhar pela manhã. Mesmo que tenha de atuar um programa de culinária durante a esteira, uma péssima trilha sonora nos primeiros 40 minutos ou confissões de uma veterana de guerra num colã preto que a deixa com aspecto de leão marinho. Isso tudo é vida. E eu ali, parado entre um exercício e outro, contando 45 segundos enquanto vejo tudo passar ao meu redor, agradeço pela genética que me fez ruivo. Pelo avanço do desenvolvimento que observo, amaldiçoando cada maldita gordura localizada e os joelhos ferrados, mas feliz.

Ah, sim! A parte constrangedora, já ia esquecer. Sabe a gordinha que tá notando um crescimento bacana? Saiu do banheiro com papel higiênico saindo do colã de leão marinho. Imaginei se alguém iria avisá-la. Mas me recolhi ao ver uma das velinhas da esteira apontando e rindo dela junto com a amiga. Eta mundão!


28 de ago. de 2012

Capitulo 01 - Nascimento esquizo


Está feito. Vou escrever uma vida em capítulos. Que mal há nisso? O mundo já está ao contrário mesmo - disse Nando. Crianças precoces tomando atitudes ainda mais precoces. Outro dia um amigo me disse pelo Face que não se espantaria se na farmácia passassem a vender camisinhas do Patati Patatá. Sabe o que é o pior? Quem paga são as crianças. Essas mesmas que mergulham no sexo sem tanque de oxigênio e produzem mais crianças, tipo fábrica mesmo. Mas o assunto está longe de ser moralista. Nem quero ser conservador. Aliás, eu acho democracia uma grande falácia. Se eu fosse Imperador, tudo seria um pouco melhor por aí. Eu até dividiria terras, grana! Que se danem os bancários. Políticos pra quê? As decisões ficariam por minha conta e pronto. Mas esse Deus aí, não dá asas a cobra... Que saudades, Óh, Odin!

Eu não sou mais quem você deixou de vez. Não sou mais aquele rostinho bonito de tv. Tampouco o cérebro por detrás da persona. Eu sou um ruivo, não-judeu, nada preto ou asiático perdido no subúrbio do Rio, zona oeste. Hábitos de nativo, porque não curto baladas, nem paulistas (sorry) porque no Rio a parada é a night mesmo. Mas não a pertenço. Não estou contido, não há intercessão. E por ser libertário, laico e o escambau, sofro de um preconceito psíquico inexplicável. Por quê? Pergunta-se. Porque pode ser que exista somente em minha esquizofrenia - passei a usar esta expressão faz uns meses, curto muito, mas não sei compartilhar.

O que me levou a escrever este troço, foi exatamente isso. Minha maneira quase caótica de pensar, de racionalizar, ou não, o que interpreto sobre o além muro. Por falar nisso, o que me separa de todos vocês é uma infinita parede azul. Ela é infinita pra mim, tipo a água num lance meio marinho, não é piscininha não. A janela, está fechada desde aquele livro paradidático da, o que? Sexta série, eu acho. Era exercício de poesia. A professora não era lá grande coisa e ficou muito puta comigo quando eu interrompi a aula pra explicar pra turma o que era sinestesia. Bem, ela tentou algumas vezes, mas a galera só entendeu comigo. Tenho culpa? Uns ocupam cargos por condição, outros por talento. Não me importava com a condição dela, era apenas um jovem rebelde (huahuahuahua nunca fui). Mas a porcaria de exercício de poesia me inspirou. Vício. Adicção perfeita. Passei a tornar hermético tuuudo isso! "Porque na poesia quanto menos palavras, mais palavras" - essas foram da faculdade. Mas sabe, aquela professorinha tinha o conceito na veia, sem saber, ou apenas não dividia por nos ignorar a todos, éramos crianças tolas, classe mérdia, uns idiotas ainda sem saber do amanhã. E a porcaria da janela aparecia no livro aberta, com cortina. Sem cortina. Vidro numa, na outra nada. Horizonte sempre. Quem disse que precisa ter um? Onde está o estímulo à imaginação? Minha janela é fechada porque quero ver além. Quando eu quero somente pegar ar ou não ver absolutamente nada, eu abro.

É assim com as pessoas. Tente conhecê-las. Pedir por um minuto de conversa franca é ter a mais doce aberração sobre alguém. O milagre da vida não é a diferença! Diferença causa dor, inveja e o cacete. É no erro que mora o homem. O mito não diz que surgimos de um? É esse o pulo do gato! De uma mordida à paixão. Errar para tão somente prosseguir. Porque quando o igual surge, vem no pacote a apatia, isso seca o óleo da engrenagem. Lembra aquela parada de socialismo, não, utopia, essa é a palavra. Então. "As mesmas roupas. O mesmo carro? Isso é possível?" Claro que não! Do igual não surge nada. Eles se somam, ficam maiores, mas criatividade mesmo, duvido. Só que era pra surgir. Buscamos semelhanças o tempo todo porque encontrar diferenças e lidar com elas é desafiador, cáustico demais. Daí, olha a zona de conforto... Olha a zona! "Respeite as diferenças" - dizem. Eu diria: aprenda com elas, passou da hora.

Uns strikes, um gole de chá gelado de pêssego e alguns pastéis. Um filme engraçadinho qualquer - e em um ano ou menos este espaço do HD estará ocupado com outra coisa - acompanhado de momentos felizes. Tudo isso num dia. Mas quem lê o que estava martelando? Quem entende que questionamentos coadjuvantes não vencem prêmios nobéis? Não sei. De verdade. Nessa hora eu me ponho um pouco acima de tudo e não me importo. Minhas olheiras falam por mim, e não é por perder o sono, isso nunca. É por gostar de dormir tarde mesmo, aliás, boa primeira noite pra vocês. Acho que amanhã pode ter mais!

27 de ago. de 2012

Tudo em vão

Penso nas feridas...
Certo do passeio entre suas frestas jamais fechadas
Cuspo no acaso.
Destapo o baú de frases prontas e emaranhadas.
Dores já sabidas,
maldita justiça sem prazo.

De pesar e pedir
fez-se a sobra de uma sombra.
A dobra de um dobrão de homem
na cascata de um casco vazio.
Um rio de um riso qualquer
numa verdade vendida
de cisma destinada ao fracasso.

De certo modo,
na transcrição dos meus gestos,
escrevo com dentes meus dessabores, carbonos, dejetos.
Porque dum errado jeito,
capricho na revolução,
e o mundo, a girar
me nega o presente ao simplificar-me um não.

Passo horas buscando um só sentido.
Passo poemas, poeira e tardes dormindo no frio,
porque os desertos da mente são áridos.
Ingratos.
Passivos.
Sem dúvida,
sem chácara.
De um verde tão duro
que nem por um instante me sinto esquisito...

Luxúria fugaz de uma viagem insólita.
Sob tendões homeopáticos
a dançar no escuro da mão,
mas lúcido ao mergulhar na loucura.
Mais pesado nas asas da solidão...
Flutua-me um parto ante máscaras dadas,
meu projeto de dívida sempre foi a razão.
Penso nas feridas erradas...

1 de ago. de 2012

Avante, Vingadores!


Após um longo período sem postar qualquer coisa sobre cinema, resolvo retomar minhas linhas ácidas com um dos filmes que mais me causou o que gosto de chamar de "contradição eufórica".

Sou leitor da Marvel há alguns anos. Acompanho seu universo com atenção porque umas das características que mais me despertam o interesse é a de que seus heróis e vilões são mais próximos do que é humano, não são completamente superpoderosos nem muito menos impossíveis de serem derrotados. Essa humanidade, que faz com que Deuses como Thor e Loki possam ser derrotados por meros humanos com poderes, ou não, é que dá um toque todo especial para o filme, ao meu ver.

Não vou me ater à coisas pequenas como por exemplo o fato de a Viuva Negra, vivida pela belíssima Scarlett Johanson, ter conseguido pilotar uma nave alienígena de primeira, em pleno ar, ou sobre quando ela utiliza um dos "biorifles" do esquadrão alien como se fosse uma 9mm, não. Para além de todas essas coisas existe um filme que, pela primeira vez, faz uma equipe atuar como tal, com seus momentos de brilho individual, porém concatenados.

Sem dúvida este é o filme de heróis mais bem equilibrado que conheço. Tem de tudo. Suspense, alívios cômicos, e muita ação. Linear, porém surpreendente com relação ao uso dos efeitos especiais. Longo, mas com uma dinâmica tão intensa que o tempo passa veloz. Os Vingadores trará recursos à Marvel, assim como novos fãs graças ao elenco de primeira, efeitos especiais muito bem colocados e um roteiro simples, mas extremamente eficaz.

E apesar de fã absoluto da divindade asgardiana da magia e da trapaça, tendo a certeza de que mais uma vez ele foi ridicularizado pelo roteirista, sim, eu recomendo!

Avante!


FICHA TÉCNICA
(The Avengers, 2012)

Diretor: Joss Whedon
Elenco: Chris Evans, Robert Downey Jr., Chris Hemsworth, Mark Ruffalo, Scarlett Johansson, Samuel L. Jackson, Jeremy Renner, Stellan Skarsgård, Cobie Smulders, Gwyneth Paltrow, Tom Hiddleston
Produção: Kevin Feige
Roteiro: Joss Whedon
Fotografia: Seamus McGarvey
Trilha Sonora: Alan Silvestri
Duração: 136 min.
Ano: 2012
País: EUA
Gênero: Ação
Cor: Colorido
Distribuidora: Disney
Estúdio: Marvel Enterprises / Marvel Studios
Classificação: 12 anos

Sinopse
Homem de Ferro (Robert Downey Jr.), Capitão América (Chris Evans), Thor (Chris Hemsworth), Gavião Arqueiro (Jeremy Renner), Hulk (Mark Ruffalo), Viúva Negra (Scarlett Johanson) e Nick Fury (Samuel L. Jackson) são alguns dos heróis da Marvel que se reúnem na agência de espionagem internacional S.H.I.E.L.D. para defender o planeta e a humanidade de ameaças intergalácticas.