13 de abr. de 2010

Ser invisível

Sua estrada começa do avesso. No vermelho é que ele corre. Se tivesse música, talvez dançasse. E repete, repete, e repete a partida já vencido pelo cansaço-mormaço que o dia traz. A cor da pele é bronzeada, antes fosse por caminhar na praia, no calçadão de Copacabana. Bacana mesmo só do outro lado da própria imagem refletida nos frios espelhos dos olhos que a passeio, movem-se cegos ao seu redor. Um festival de nãos em meio à alguns obrigados ou apenas a mão estendida a receber a moeda fria que não lhe acende tanto a vontade. Ela mesma já desistiu faz tempo.

E corre à barulho, observa no instinto, disputa constante com o medo de apenas não ser. De olhos baixos, carimbados de malandragem, o rosto é sem brilho mesmo com sol à pino, porque menino ele já não pode ser. A inocência foi perdida, o caráter está marcado, o trabalho não é o certo, nem certo é ter de trabalhar. Matar? Não deve, mas instruir também não vai. Com estudos parcos, exemplo de vida mal vivida caminha este ser invisível ao manto da noite ou à sombra do dia. Está feito, seu nome perfeito é artista, porque assim como a arte, quer simplesmente ter uma vida a que imitar. Enquanto isso ele passeia invisível, ante a olhos vazios que neste pseudo-menino um ser humano são incapazes de enxergar.

Um comentário:

  1. Eu gosto de rimas em texto em prosa. É bonito de ouvir. Mas serinvisível não é.

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