18 de abr. de 2010

À prova de tudo

Inspirado no programa do Discovery Channel, este será um capitulo à parte, para quem quiser sobreviver no Rio de Janeiro.

Se você for largado na Zona Oeste do Rio, cuidado. Este é um ambiente muito ostil, repleto de perigos e armadilhas. Partindo do pressuposto que você estará sem muitos equipamentos, vou mostrar como fazer para sobreviver e chegar à Central do Brasil sem muitos riscos.

O primeiro passo é identificar em que direção fica a estação mais próxima de onde você se encontra. Esta não será uma tarefa fácil. Pelo caminho você será capaz de encontrar com feras selvagens conhecidas como motoristas de ônibus ou vãs. Eles caçam suas presas quando elas se desgarram de suas manadas, o bote é praticamente certeiro. A vantagem é que esta fera anuncia seu ataque ou com um tsh tsh tsh tshhh (no caso do ônibus) ou com uma frase de efeito tipo "calçadão, guanabara, calçadão, guanabara" no caso das vãs. O importante é se comportar de forma que a fera entenda que você não é uma presa em potencial, continue caminhando, figindo não notar sua chegada que ela vai embora. Uma boa dica é não se desgarrar.

Você ainda vai se deparar com muitos obstáculos pelo terreno que é extremamente acidentado. Cuidado com as crateras. Muito provavelmente estão ali há milhares de anos e foram causadas por pequenos meteoritos. As espécies locais estão perfeitamente adaptadas, mas você não. Aqui não tem jeito, é importante observar e ficar sempre atento. Outra coisa vital para sua sobrevivência é não se alimentar de qualquer coisa que encontrar pelo caminho, principalmente se a origem for asiática, não coma "zoelos", "nem esfilas de flango com catupily", nada de "quezo" e se por um acaso visualizar uma poça de guaraná natural, artificialmente manipulado, não beba! De prefência às comidas de astronauta tais como, barrinhas de cereais e goma de mascar, com esses não existe erro.

Se estiver chovendo, o risco aumenta potencialmente. Correntezas comandadas por valões podem arrastar você. Não se arrisque, busque um ponto alto e perca alguns minutos, será mais seguro.

Se você pensava que o desafio tinha terminado, enganou-se. Uma vez localizada a estação, você precisa dispor de uma pequena quantia em dinheiro para pagar seu deslocamento pelo meio de transporte dos locais, o trem. Depois de definir o caminho a se tomar, vem o verdadeiro desafio. Não importa a hora, você acabou de entrar na zona vermelha. Aqui as criatuas mais perigosas são os trabalhadores. Estes que um dia já foram seres humanos, mas durante seu ciclo evolutivo sofrem uma metamorfose e passam a responder mecanicamente aos estímulos do meio ao seu redor. Alguns deles se defendem com um cheiro forte e característico de quem não tomou banho para conseguirem os melhores lugares dentro do trem e não serem esmagados pelos demais. Algumas fêmeas da espécie usam do mesmo artifício, mas ele se dá por uma substância que elas secretam do couro cabeludo. A substância é um pouco viscosa e de fácil identificação, melhor manter distância. Mas o grande problema é que a espécie vive em grupos. Um estouro de uma manada de trabalhadores pode ser fatal! Uma dica é seguir o fluxo e se comportar como um deles, até mesmo para evitar comportamentos mais agressivos.

Se seguir esses conselhos simples, a viagem será concluída com segurança! Mas, lembre-se, nunca confie nos trens. Enquanto estiver dentro deles, reze. Concentre-se em qualquer coisa ou simplesmente abstraia. Existe forte possibilidade de o ar refrigerado falhar (no caso dele ter um), o horário de partida atrasar, ficar parado por minutos intermináveis, e agora, descarrilhar! Isso mesmo. A Super Via, que deveria de se chamar Super Vilã não presta os serviços à altura de seus usuários, que muito embor sejam vistos como espécie inferior, alimentam os bolsos gordos dos inúteis que estão no topo da empresa.

É claro que sobreviver no Rio, não é tão simples. Este foi apenas um dos milhares "À prova de tudo" que virão, mas se você é turista e pretende evitar tudo isso, aqui vai a dica máxima: volte pra casa ou procure outro estado! O Rio de Abril deixou as maravilhas pra trás faz tempo...

2 comentários:

  1. Nossa, este foi um dos melhores. Principalmente a parte: "Enquanto estiver dentro deles,reze." Só quem vive na zona oeste e precisa utilizar isso sabe como é um verdadeiro desafio de sobrevivência. Tenso!

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  2. a espécie de trabalhadores também pode ser identificada pelo popular nome de "operários do cão" - válido tanto para machos e/ou fêmeas.
    já confrontei essas bestas selvagens e estou viva hoje digitando esse comentário graças a obra divina e corpo fechado.

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