19 de abr. de 2010

Maldita midia

Sim, sou jornalista. Em grande parte do meu tempo me dedico a enxergar a realidade como algo que vai além do que se vê, escuta ou se sabe, nada de dicotomias simplificadas. Justamente por isso, defendo a midia como ferramenta. A ideia de fiscalizar a sociedade com seus próprios olhos passa um romantismo de busca pela perfeição e justiça, como aquele que conhece a si mesmo e julga seus atos de forma justa, aplicando inclusive uma auto-punição, e tudo isso é muito bonito. Então para que demonizar a midia? A problemática parte das empresas que agendam os temas trabalhados pela ferramenta levando em consideração seus interesses coorporativos e econômicos. É complicado demonizar uma ferramenta porque ela depende necessariamente do uso que se dá a ela, de quem a utiliza. Tudo isso para demonstrar o quão saturado estou com relação ao assunto das tais pulseiras coloridas de silicone, que foram chamadas de "pulseiras do sexo".

Minha primeira pergunta é: quem as deu esse nome? Segunda: a pulseira obriga alguém a fazer sexo? Você ganha uma quando transa? "Ouvimos uma criança de seis anos explicando a conotação sexual da pulseira". Ora, prendam os pais dela! Acabe com a novela das oito! Sinceramente, não sei quem foi o esperto que julgou que em algum momento interessava a alguém fazer uma matéria moralista como essa, como se em algum lugar no mundo existisse uma conspiração para sexualizar ainda mais o Brasil - que por si só já se orgulha da mulata pelada no carnaval - introduzindo em nossa cultura as tais pulseiras do sexo. A polêmica acabou contaminando a comunidade escolar e hoje, a prefeitura proibiu o uso do acessório na rede municipal de ensino. O assunto acabou provocando absurdos, e tal como no caso A Escola Base, tudo fruto da irresponsabilidade de gente que não tinha muito o que fazer e investiu na coisa errada. Os comerciantes estão com pulseiras coloridas, porque de fato é o que são, encalhadas nos estoques; escolas estão tomando atitudes de proibição do uso do adereço sob pena de advertência e suspensão; e de quem foi a culpa deste tumulto todo? A maldita midia que resolveu que trazer a informação de que elas, as pulseiras, eram utilizadas com finalidade sexual em algumas festas e em determinados países da Europa, era importantíssimo. Conclusão, um estupro justificado pelo uso da pulseirinha veio à tona. Que notícia, não? Está vendo como eles tinham razão em querer proibí-la? - Pensarão muitos imbecis. Isso tudo não passa de desperdício de espaço que deveria estar sendo dedicado aos nossos problemas com as chuvas, com dinheiro desviado, com mal uso do dinheiro público, com o pouco investimento do estado... E por aí segue o drama.

Depois disso, só me resta recomendar aos camaradas que nos prestaram esse grande serviço de trazer... Trazer um caos bacana para esta cidade nada caótica, que é o Rio de Janeiro... Tirem férias! Quem sabe uma festinha dessas não seria uma boa. Mas não esqueça da pulseira, use a roxo batata violeta que indica: Sou um imbecil, me faça feliz! Só não esqueça da camisinha porque se você espertamente se reproduzir, companheiro, as próximas gerações continuarão correndo sérios riscos.

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