6 de abr. de 2010

Nova Atlântida

E agora José?

A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?

Drummond talvez não fizesse idéia do quanto esta poesia seria utilizada, nem com quais finalidades.

Se depois de hoje o Rio de Janeiro continuar lindo aos olhos de qualquer José, realmente não sei. Falta luz, falta água, muito embora a água nos seja abundante já que uma chuva ininterrupta cai sobre a cidade há mais de 12 horas e obrigou a Defesa Civil a declarar estado de alerta absoluto. Nosso prefeito Eduardo Paes pediu aos cidadãos que não saíssem de suas casas.

Estamos sob efeito de sei lá o que. A meteorologia diz que uma frente fria no litoral sudeste associada a áreas de instabilidade arrebatou a cidade favorecendo este tipo de fenômeno de pancadas de chuva intensas e rajadas de vento.

O que não me espanta é o fato de parecer castigo divino. “Tá vendo cambada, olha tudo isso indo pelo ralo! Não seria assim se você, bandido safado, tivesse aplicado o dinheiro público onde deveria. Cadê a porra da estrutura estudada e pensada para o Rio de Janeiro? Olha que a Olimpíada tá vindo aí, hein…” Esta será nossa Nova Atlântida. Que tal vivermos debaixo d’agua? Pensei na Capital, poderia ser no Jardim Botânico. As imediações seriam subreinados, seria perfeito!

Só sei que qualquer que seja o motivo para tanta água e caos urbano, só dá pra pensar no que o homem poderia ter feito para evitar mais de 50 mortes (até agora), 50 Josés, Marias, Cristinas, Augustos deram as suas vidas de alguma forma tentando dizer: está na hora de fazer alguma coisa.

E agora você?

2 comentários:

  1. quando vc escreveu isto eram apenas 50 mortes... agora já são quase 100!
    tem muita coisa errada nessa cidade...

    preciso de bote urgente!

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  2. Então... Acho que a nova modalidade das Olimpíadas vai ser triatlon: Corrida do deslizamento, nado na enchente e reza pra não chover mais. Legal é que parece q ninguém ta vendo isso, afinal, a enchente não é na casa do prefeito. O deslizamento não é na casa do governador... Enfim, o dia que porventura eles sentirem isso na pele, talvez decidam roubar menos e aplicar um pouco no que deveria.

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