6 de abr. de 2010

Perdendo Tempo

Por diversas vezes me pego a observar a reação dos brasileiros quando o assunto é corrupção. De forma bastante interessante, o papo descamba para a derrocada do país, como se nada mais pudesse nos tirar da lama em que nos encontramos hoje graças aos “mensalões”, escândalos com cartões corporativos e demais peripécias daqueles que dizem representar os interesses populares no governo. Ora, que o Brasil ainda teima em caminhar na contra-mão da responsabilidade política, todo mundo sabe, ou melhor, sabe a quem interessa saber porque está nas páginas dos jornais, passando pelos transmissores digitais, e há quem diga que em tempo real pela internet. Num país de proporções continentais, discutir se os estados não-produtores envolvidos com a questão do Pré-sal merecem ou não levar “x” ou “y” com os royalties parece tão pequeno quando nos damos conta de que ainda hoje brasileiros e brasileiras morrem de inanição e fome, sem documentos nem lenços, sem conhecer o que é ser cidadão, sem energia elétrica. Me pergunto se não seria prudente discutir que parte desse dinheiro seria realmente revertida em benefício desta população necessitada, sim porque, se o Pré-sal veio como um benefício extraordinário não faria a menor diferença para os cofres públicos já que nunca contamos com esses recursos.

É, mas, como para tudo dá-se um “jeitinho” até na hora de dar nome aos bois, admitir a culpa mesmo, chamar pra si a responsabilidade, o brasileiro é safo. Justificam-se as bolas-fora por culpa de uma tal Portugal que nos colonizou ao avesso, isso quando a culpa não é dos Estados Unidos com seu império do consumo irrefreável, como se eles fossem os responsáveis pelo mau-caratismo que nos contamina, como se eles fossem os vilões que entram pela nossa porta arrancando-nos a ética e a moral, que ao pé da letra, tornou-se estranha e de tão estranha fez uma Universidade que não andava bem das pernas expulsar uma aluna pelo mesmo motivo, pernas.

Neste contraste tipicamente brasileiro, o patrimonialismo, substância facilmente encontrada em nosso sangue, perdura faceiro, sorridente e com gostinho de “eu não fiz nada de errado”. Seguem-se os velhos vícios, os antigos culpados, nos visitam novos presidentes de velhos hábitos com a desculpa de reinventar a roda, para nos manter ocupados o suficiente e não nos darmos conta de que o tempo… Este simplesmente se perde quando não produzimos nada.

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