27 de ago. de 2012

Tudo em vão

Penso nas feridas...
Certo do passeio entre suas frestas jamais fechadas
Cuspo no acaso.
Destapo o baú de frases prontas e emaranhadas.
Dores já sabidas,
maldita justiça sem prazo.

De pesar e pedir
fez-se a sobra de uma sombra.
A dobra de um dobrão de homem
na cascata de um casco vazio.
Um rio de um riso qualquer
numa verdade vendida
de cisma destinada ao fracasso.

De certo modo,
na transcrição dos meus gestos,
escrevo com dentes meus dessabores, carbonos, dejetos.
Porque dum errado jeito,
capricho na revolução,
e o mundo, a girar
me nega o presente ao simplificar-me um não.

Passo horas buscando um só sentido.
Passo poemas, poeira e tardes dormindo no frio,
porque os desertos da mente são áridos.
Ingratos.
Passivos.
Sem dúvida,
sem chácara.
De um verde tão duro
que nem por um instante me sinto esquisito...

Luxúria fugaz de uma viagem insólita.
Sob tendões homeopáticos
a dançar no escuro da mão,
mas lúcido ao mergulhar na loucura.
Mais pesado nas asas da solidão...
Flutua-me um parto ante máscaras dadas,
meu projeto de dívida sempre foi a razão.
Penso nas feridas erradas...

Um comentário:

  1. Acredite...nada é em vão!ótimas declarações, talvez um pouco nebuloso em alguns aspectos...mas o que importa é o que os versos desse poema estão impregnados de ritmo..adorei!

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