21 de jun. de 2010

A Gana de Dunga

"Juro que pensei um pouco. Parei, refleti, julguei, e não tem como ficar tão abstênio em situações como esta. A agenda setting está aí e quem sou eu para negá-la neste momento?"


A copa do mundo para o Brasil. Este é o tema deste pequeno texto, que no entanto, não terá como foco a pseudo-identidade nacional que se inflama com os jogos, ou o infortúnio comemorado dos pontos-facultativos em dia de jogo, muito menos se o ópio do povo continua sendo de fato o futebol. Este texto terá como foco, mais uma vez, a imprensa.

Imagine você que o Brasil, com aquela seleção duvidosa escalada por Dunga, acaba de vencer da Costa do Marfim com um placar interessante de três a um (3x1). O jogo foi bom, "pegado" como se costuma dizer. A Costa do Marfim tentou de todas as formas superar o Brasil, porém, sem sucesso. O chato é que quando o desespero bate no futebol, a confusão e as faltas tomam a cena do que tinha tudo para ser um perfeito espetáculo. O árbitro da partida, incompetente, coitado, este foi vítima de toda uma situação que quase termina em pancadaria pura. Ao final, o saldo foi: a saída de Elano, vítima de agressão numa entrada dura até demais; a expulsão de Kaká num lance em que ele nada fez; e outros três jogadores do Brasil visivelmente agredidos em lances sem punição, além de toda a confusão que se instaurou no jogo por longos dois minutos. Resultado: um técnico irritado.

Dunga, desde que assumiu a seleção tem sido alvo da opinião e crítica de todos os mais de 180 milhões que gritam "Avante Brasil". Agora então que fechou os treinos da seleção para a imprensa (um direito que lhe compete) o ex-jogador cutucou a onça com a vara curta. Dunga acabou com o assunto da impresa. A Globo, por exemplo, montou uma parafernalha incrível somente para cobrir a seleção na Copa. A atitude do técnico com certeza desagradou a todos os orgãos de impresa do mundo, mas seus argumentos foram os melhores. Acontece que a imprensa é uma criança mimada, quando desagradada faz pirraça, bico, e até deixa de falar, difamar a seu modo então, é uma especialidade. Pobre Dunga.

Seu dia de Rei terminou mal. Enquanto deveria, telemarqueticamente falando, estar sendo consagrado pela imprensa, Dunga se deixou contaminar pelo stress de seu dia e respondeu a um jornalista como devia, ou melhor, como devia, mas não podia. Usou de um grosseiro tom irônico floreado por um palavrão para responder à altura às provocações daquela criança malcriada que conhecemos como imprensa. Ele também não é de ferro.

O chefe da nossa seleção se encontra num dilema já mencionado por ele anteriormente: se fala pouco é reservado demais, não gosta da imprensa, se fala mais e rebate críticas é rancoroso e grosseiro, é difícil encontrar o equilíbrio do meio termo para Dunga. Mas não se preocupe, os dilemas são democráticos. A imprensa por exemplo, como toda criança é grande para umas coisas e para é pequena demais... Como neste episódio. Mas olha, Alex Escobar, conta tudo pra sua mãe, cara!(Na foto, o técnico Dunga na ocasião de sua primeira coletiva na África do Sul)
Foto: Getty Imagens
Fonte: www.abril.com.br

4 comentários:

  1. O Galvão Bueno pela o saco do Kaká!
    prontofalei!

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  2. Adorei. Estava procurando quem relacionou o caso Dunga com o agenda-setting, achei vc. Abraço!

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  3. Que nada. Mas não é verdade? Minha palavra que eu relutei pra escrever sobre, mas...

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  4. Criticar vale mas a imprensa tem perdido o bom senso ao agredir o Dunga. Datena outro dia vociferou horrores contra ele, de uma forma nada profissional.

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