8 de dez. de 2016

No que insisto

Não espero canções,
Nem abrigos.
O descanso é póstumo
Em rabiscos vazios,
Numa cama desfeita,
A ilustração perfeita do ser.
Não existem versões,
Nem castigos.
Esqueça os pecados,
Detalhes lascivos,
A visão é estreita,
A quem se quer poder ver.
É no estilhaço da fome
No fragmento da alma
Na paixão aturdida do homem
Que mora o poeta.
No desespero da sina,
No silêncio do acaso
Maqueia voraz sua trama.
Mas na voz ferida
Teme o cansaço
Do avesso do espelho
No contrário do beijo
A imagem fria do quarto.
E é sem perceber,
Que se concebe à vida
Um lugar a que pertença
Em palavras imensas
Ou no coração de quem ama.
Mas se morre o poeta
E não chega seu fim,
Liberta-se o tempo,
É no que insisto, o que invento
O sonho é tudo pra mim.

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