25 de jul. de 2016

Carioca de Janeiro

Enquanto o sol brilhar
uma praia
Enquanto o asfalto queima
um par de pés descalços
Enquanto a dor durar
uma bala
Perdida a quem quiser um amor
duzentos contos.

Pra toda vez um samba
a tocar um sorriso
Pra todo fim de tarde
o aplauso
O horizonte pra se amar
paraíso
Pra toda confusão
uma favela e um causo.

No trem que corta o subúrbio
Suor, calor e água a um e cinquenta
Na avenida que abrasiléira
engarrafado por duas horas
Na voz que grita sozinha
pode ser praça, e Saens Pena
No abrigo que alimenta e suporta
uma rua a chamar de nossa

Se num balanço de quadril
na marquise é puta
Se num abraço de afeto
no viado é porrada
Se nunca antes na vida
é bróder de estrada
Se numa cidade falida
é exclusiva, única.

Se é carioca,
o lado importa a poucos
O iPhone de uns
É sempre o nada de outros.

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