22 de out. de 2012

Desperdiçando-me


Quando te sinto
breve e suave,
com lágrimas nos olhos
Antevejo a madrugada.

Nem tinta fresca na varanda,
nem caminhos sinuosos, enluarados,
nada se transforma em brilho,
nada contém minha vontade amada.

E é quando minto,
mesmo que a boca se cale
e haja um cisco nos olhos,
que percebo a cilada.

Não há gratidão, como a vida manda
Não há amores antigos, prostrados
Do meu modo me humilho
Do meu modo, minha metade me mata

No espelho da ideia, entendo,
que mesmo refletidos amor e dor rimam
nas vidas mais encantadoras
e em histórias completamente sem graça.

No fundo da memória te escuto dizendo
que por mais escuro, o coração sendo
não há divindade sem fé
há somente espaço e força em desperdício, trancada

Pois que venha então sorrindo
o amanhã daqueles que brigam,
que se trancam em masmorras
que constroem fortalezas impenetráveis na mata

porque não me importo, vou vivendo
mesmo você não querendo
serei feliz, de pé,
porque não acredito em você, farei eu mesmo minha estrada.

É quando te sinto
por anos, pesando ao meu lado
os olhos ardendo, mãos formigando,
antevejo nós dois e a manhã iluminada.

Uma varanda espaçosa
caminhos verdejantes, uma casa de praia
em meio à opacidade do tempo
nossos sonhos ao relento, você e eu, passárgada.

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