18 de jul. de 2011

Vidas e estradas

Senti sua fragrância como quem deita em uma cama quente e confortável, feita para a medida exata de um cochilo no fim de tarde, com o sol atravessando as cortinas, com vento fresco beijando os lençóis.

Olhei para seu riso gostoso, suas formas macias, seus cabelos levemente ondulados e pretos... Para seu imenso casaco de lã. Senti sua ansiedade madura, seu sono indevido e pensei estar em casa outra vez.

Possivelmente nunca mais ouvirei seu sotaque ao se lamentar das coisas da vida. Nunca mais lembrarei de seu rosto curioso. Não nos veremos mais. Mas o cheiro de roupa limpa permanecerá em minha lembrança como um pedaço gostoso de casa que foi parar naquela jovem senhora por engano. Um retrato em perfume... Um bem querer.

Meu ônibus chegou. O dela também.


3 comentários:

  1. Colcha macia de vó.O cheirinho é inconfundível e a imagem trouxe-me o perfume q era só dela.
    As vezes ele passa por mim e em um instante sinto-me ao seu lado.
    E eu... Tô aqui chorando como uma boba!

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  2. Ahhhhh, Aninha!!
    Caraca! Fico tão feliz que o texto tenha te despertado algo bom, porque foi assim comigo quando o escrevi... Nossa!
    Obrigado por dividir.
    Bjus

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  3. Lindo... é interessante como um sentindo meche com outro!minha leitura aguçou meu olfato e realmente lembrei do cheiro de alguém.Podemos chamar de texto cheiroso.rs Bjocas

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