15 de abr. de 2016

O dito e o não

Nas sombras de um dia
Aos olhos de um outro,
Arrastam-se os nãos
Enquanto gira uma vida.
Afogam-se as alegrias
E tudo o que se haja feito
Torna-se por hábito
O que não tem sentido
O que não faz amigo
O que não tem retrato
O que se põe sozinho
O infeliz desabafo
Das escadas o desafio
O raiar de sol que aguardo
O abraço nunca sofrido
Distante, a um braço
Daquilo que quero comigo
Do que a vida tem por destino
No papel só um traço
Que danço chorando e sorrindo
Mas que bebo em ardor o bagaço
Cedo ou tarde, vindo ou partindo
Rasgo do peito dorido
A felicidade arregaço.

Nenhum comentário:

Postar um comentário