Os anos 80 foram, para muitos historiadores, a década perdida simplesmente. Nada se fez ou se criou de bom durante toda uma década. Economicamente falando, o Brasil descobriu a inflação. O que pela manhã custava x, a noite valia 10 vezes mais e de forma inexplicável.
Musicalmente falando, a década considerada perdida foi paradoxalmente criativa. Foi um tal de surgir banda que só mesmo olhando na internet pra conferir. O grande lance foi atacar pela irreverência. Criticar pouco, lirismo pra que? E se fosse pra dar uma criticada, que fosse com bom humor, carregado na gíria, no palavrão, assim o público compraria fácil sem saber do que de fato se tratava o discurso.
Da década de 80, lembro-me bem dos desenhos. Uma chuva deles. He-man, Caverna do Dragão, Popples, Punk, Muppets (que chegam em versão animada), tantos, que se olharmos a produção de cartoons animados hoje, nos perguntaremos, o que houve?! Bem, hoje a mídia que reina absoluta não é bem a televisão e a garotada curte mesmo uma internet, mas eu diria que algo pior aconteceu. A cultura de massa, que muitos já ouviram falar, que parte da massificação de conteúdo, tornou-se aliada inexorável deste grande filão de mercado. Hoje, o desenho que não repete pelo menos 3 vezes a mesma temporada, não fica na mente das crianças pós-modernas, que, de tão saturadas de informação simplesmente esquecem. As luzes, sons e cores berrantes junto aos enrredos mais fantasiosos, rápidos e violentos também vieram com tudo como tendência e por aí seguirão novos heróis/vilões, ou vilões/heróis, afinal de contas, os desenhos de hoje já não trabalham mais a dicotomia entre bem e mal com no passado.
Mas voltando ao passado... Além da economia perdida, do momento político caótico, dos desenhos animados, da música borbulhantemente pop, a década nos trouxe também muito sucesso no esporte. Nelson Piquet, por exemplo, foi três vezes campeão da Fórmula 1, Ayrton desponta em 88 como ícone vencendo seu primeiro campeonato, Hortência é eleita como rainha do basquete pelos norte-americanos, enfim, muita coisa foi produzida sim, em termos culturais e esportivos para um país tão jovem como o nosso.
No entanto, nem por isso acredito nessa tendência de "viva os anos 80". Eu não aguento ouvir Rosana cantando "Como uma Deusa". E que diabos é o maldito Ursinho Blau-Blau? Sinceramente, há que se separar o joio do trigo, sim! Que a década não pode ser considerada totalmente perdida, eu concordo. A própria tv é o que é hoje, especialmente a Rede Globo, em função da falta do que fazer, da busca pelo entretenimento como válvula de escape de uma realidade cruel e caótica. Porém os anos 80 não merecem voltar, que eles se limitem às poucas manifestações em festas Ploc (ôh, chicletezinho ruim, isto sim era apenas petróleo duro com sabor artificial de qualquer coisa), com figurinos ridículos, porque a calça "centro-peito" foi a coisa mais bizarra de se ver um dia, e que os desenhos, este sim, continuem reprizando porque não farão mal a ninguém, só darão ibope.
Agora, para finalizar, faço aqui a citação de alguém que considero sofrível, lamentável, mas que entrou para nosso panorama político bem no fim da década de 80 via eleições diretas depois do dito término do Regime Militar. "Não nasci com medo de assombração, não tenho medo de cara feia. Isso meu pai já dizia desde quando eu era pequeno, que havia nascido com aquilo roxo." E aí, fechar a década perdida com esse cara já foi o bastante. 80's never more!
Na moda dos anos 80 nós tivemos muita coisa além da cintura alta... tudo muito over, mas ainda assim, muita coisa legal!
ResponderExcluirDigo um viva para as cores cítricas, a fita cassete e as bandas de um hit só!
As pessoas confundem muito nostalgia com vontade de voltar no tempo. Acho legal vivenciar um pouco da arte que foi criada nos anos oitenta, mas não significa que eu queira viver nos anos oitenta... Deus me livre e abençôe a [i]internet[/i].
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